segunda-feira, 12 de junho de 2017

Xô, Crefisa!

Lá no início do ano, foi o Gustavo Scarpa.

No final de semana, foi o assédio ao Richarlison, que até seria normal em circunstâncias normais, mas que virou assédio imoral porque às vésperas do jogo, o que levou o garoto a literalmente tirar o seu time de campo. Até dá pra perguntar: sendo o garoto tão bom quanto o Palmeiras acha, será que o Fluminense não teria ganho o jogo não tivesse o Richarlison resolvido ficar em casa, assanhado pela grana da Crefisa? Mais ainda, o timing do assédio não teria sido parte da tática do Cuca pra tirar o time mais rico do Brasil de um início de crise nesse início de Brasileirão? Será que o Richarlison, sem jogar, não salvou o emprego do Cuca?

Perguntar, afinal, não ofende!

E, last, but not least, me diz a ESPN hoje que o Palfisa, ou Cremeiras, também tentou levar nosso outro menino de ouro, o Wendel.

Só falta agora a Leila Pinheiro, digo, Leila Crefisa, digo Leila Pereira, perdão Leila Pinheiro, querer comprar todo o bairro de Laranjeiras ....

domingo, 11 de junho de 2017

Abel Braga sobre o Flu, o Palmeiras e o Richarlison

Sobre o Richarlison:

- Não jogou, perdemos, não fez falta nenhuma. Se tiver que voltar, volta. Se não tiver que voltar, não volta. Quero jogador com disposição, que entre em campo e corra. Ontem, tirei da equipe porque ele falou que não estava com cabeça para o jogo.

Abel viu falha de postura no episódio. Entre várias frases, duas explicitaram o que ele pensa sobre o assunto:

- Se ele fosse meu filho, com certeza isso não teria acontecido. Já viu minha retidão? Já escutou falar de alguma situação em que o Abel Braga saiu da linha, saiu da reta, saiu do caminho? Não aconteceria, com certeza.

Abel evitou criticar diretamente o atleta pela decisão de não atuar, mas criticou seus representantes.

- Acho que ele foi usado. Mas não significa dizer que estava dentro da consciência dele, dentro do caráter dele. O futebol hoje é muito manipulado. É muito empresário pra um jogador. Com ele, são três, não sei bem. Os caras também têm que ensinar, têm que ter conduta. Os caras só pensam em causa própria.

E arrematou:

- Não me surpreendo com o governo do meu país. Não me surpreendo com o governo do meu estado. Vou me surpreender com empresário e dirigente?


Sobre o Palmeiras:

Abel foi comedido ao analisar a participação do Palmeiras no assédio ao jogador. Mas evidenciou que não gosta da atitude do clube.

- O que eu sinto, conversei com o Cuca sobre isso, falei pra ele que não retiro uma vírgula daquilo que falei. Mas agora já foi. Acho que o jogador deveria estar no campo, independentemente de amanhã ser negociado ou não. É um clube muito forte, com poder de aquisição muito grande. Na vida, nem isso é motivo básico. Existem outros princípios que devem ser seguidos.

O treinador viu justiça na vitória dos donos da casa, mas ficou incomodado com os gols marcados por Guerra e Keno no primeiro tempo.

- Jogo difícil, complicado. Nós facilitamos e complicamos mais. Não pode vir fora de casa jogar contra o Palmeiras e sofrer os dois gols que sofremos. Falo dos dois primeiros. Esse terceiro é como se não tivesse existido. Fomos para frente, precisávamos empatar o jogo, tivemos a chance. O Palmeiras trabalhou melhor a bola no segundo tempo, conseguiu individualizar mais a marcação. Nós não criamos tanto. O resultado é justo.


sábado, 10 de junho de 2017

Sobre o Flu, Richarlison e o Palmeiras

Daqui a pouco o Fluzão, como diz a crônica esportiva radiofônica, adentrará o gramado do Alianz Park, em São Paulo, para enfrentar o poderoso esquadrão da Sociedade Esportiva Palmeiras. Poderoso e rico, graças aos cofres da Crefisa, empresa que vive de emprestar dinheiro a juro, e à paixão da dona da dita empresa, Leila Pereira, hoje também dona, em sentido quase literal, do Palmeiras. Como aliás o Fluminense, na sua fase recente de novo rico, duas vezes campeão brasileiro neste século XXI, já teve também o seu dono virtual, Celso Barros, dono virtual da Unimed Rio. A diferença entre os dois mecenatos, travestidos de patrocínio, e com grande poder político, é que a Crefisa pode fazer as pessoas adoecerem ao lhes emprestar dinheiro que não poderão pagar mais na frente, ao passo que a Unimed pode curar as pessoas que, tendo tomado dinheiro emprestado da Crefisa, ficaram doentes por não poder pagar a dívida. Mas, no fundo, ambas as empresas se equivalem, pois de que adianta fazer plano de saúde se o dinheiro emprestado acabou e agora não posso pagar o empréstimo, e muito menos o plano de saúde!!!

Mas, chega de divagações.

Mais importante que o jogo desta tarde e seu resultado é o imbróglio que o está antecedendo.

Mal das pernas nesse início do Brasileirão, o Porco do Parque Antártica, em um lance esperto fora das quatro linhas, resolveu enfraquecer o já enfraquecido Pó de Arroz das Laranjeiras fazendo proposta para comprar o passe do jovem Richarlison que, com os igualmente jovens Gustavo Scarpa (que o mesmo abonado Palmeiras tentou levar no início deste ano), Wendel e Wellington Silva, formam a base do time que, surpreendentemente, ocupa o quarto lugar ao chegarmos à 5a. rodada do maior certame futebolístico nacional.

Vejam só: Fluminense se prepara para enfrentar o Palmeiras, e o Palmeiras, na antevéspera do jogo, diz que quer levar um dos principais jogadores do adversário para São Paulo.

E o primeiro resultado da 'transação' vem rápido: o garoto procura Abel Braga e, mesmo com o negócio ainda longe de ser pra valer, diz que não tem 'cabeça' pra entrar em campo hoje.

Se o e$quadrão palmeiren$e já era favorito, ficou mais favorito ainda.

Fez de propó$ito? Não $ei! O 'ético' Cuca diz que não $abia de nada, e empre$tou $olidariedade de Gilmar Mende$ ao Abelão.

Mas, o mais triste disso tudo é que a diretoria do Fluminense foi decisiva para que o imbróglio acontecesse.

O clube tá numa pindaíba braba; o déficit previsto para este ano é de quase 80 milhões; a cota de televisão adiantada ano passado já foi torrada; não se tem patrocínio master na camisa; e até a milionária venda do garoto Gerson ano passado para o Roma virou dívida (ver http://globoesporte.globo.com/futebol/times/fluminense/noticia/caso-gerson-a-venda-que-virou-emprestimo-e-ainda-gerou-divida-ao-flu.ghtml). O atual presidente Pedro Abad, auditor da Receita Federal, que, aliás, já elogiei aqui, tem dado transparência a essa situação, o que é uma boa novidade, e, ao contratar o Abel por dois anos, fez o certo: entregou ao nosso multicampeão, e tricolor de coracão treinador, um elenco recheado de meninos de Xerém, para ser lapidado este ano e, quem saber, fazer bonito ano que vem.

Mas, ao alardear tanto aos quatro ventos a necessidade de vender passe de jogador para fechar o caixa em 2017, Abad ouriçou os vermes que infestam os intestinos do futebol, em especial os chamados empre$ário$ que parasitam os jogadores de hoje, sejam eles promissores ou não, como promissor é o Richarlison.

O que o Palmeiras não precisava fazer era procurar o Fluminense na semana do jogo entre eles.

Pior, o que o Fluminense não precisava, e aí o Abad pisou feio na bola, era receber o Palmeiras na semana do jogo.

Só no próximo final de semana é que o Richarlison chegará ao sétimo jogo no Brasileirão. Se a pindaíba obriga a vender, se os empresários estavam assanhados, que se esperasse até segunda-feira pra começar a conversar.

O Palmeira foi anti-ético, se é que se pode falar em ética no futebol? De certa forma, sim.

Mas, a responsabilidade maior pelo imbróglio foi do próprio Fluminense e de seu bem intencionado presidente.




terça-feira, 23 de maio de 2017

Marlon: é por isso que eu choro ...

... quando um dos nossos garotos começa a explodir lá fora, e você imagina se eles tivessem podido ficar por aqui. Lembremo-nos, por exemplo, do Marcelo:

http://espnfc.espn.uol.com.br/barcelona/blog-nou/14879-marlon-precisa-ser-o-primeiro-reforco-do-barcelona-para-a-proxima-temporada

sábado, 13 de maio de 2017

Hora da verdade

Amanhã, 11 h, o Flu estreia no Brasileirão, 11h, no maltratado Maracanã.

Chegou a hora da verdade para um time de qual muito pouco se esperava em 2017, mas que, até agora, apesar dos últimos tropeços - perda do Carioca e o péssimo jogo contra o modestíssimo Liverpool uruguaio pela Sulamericana - mostrou um potencial acima do razoável. Ganhou a Taça Guanabara e segue firme na Primeira Liga (sic), Copa do Brasil e a já mencionada Sulamericana.

Pausa.
Confiram o link abaixo:
http://epoca.globo.com/esporte/epoca-esporte-clube/noticia/2017/05/financas-do-fluminense-o-clube-das-laranjeiras-esta-beira-do-colapso-financeiro.html

Talvez a principal mudança ocorrida no clube Fluminense neste ano tenha sido fora de campo, na sua estrutura e forma de gestão.

O novo presidente, Pedro Abad, ganhou a eleição no final do ano passado como candidato da situação, o que não o impediu de dar às finanças do clube uma transparência inédita. Ressalte-se que ele é auditor da Receita Federal, daí a preocupação fundamental com os números e com a transparência. Mais importante: ele tornou pública a lamentável situação financeira do Fluminense com a discrição que é uma marca pessoal sua, sem tinturas de denúncia, também porque fora parte da gestão do instável Peter Siemsen.

Como já se analisou aqui, o modesto time que o Flu montou para este ano, assentado sobre uma base de jovens talentos relevados em Xerém, nasceu da necessidade de, mais que tudo, sanear as finanças tricolores. E daí veio a outra boa iniciativa na gestão desse Fluminense 2017: a montagem de uma comissão técnica para o futebol de perfil tão discreto quanto o do presidente, encabeçada por um ex-jogador formado nas divisões de base do clube, Alexandre Torres, filho do lendário Carlos Alberto, também revelado no Flu, e integrada também por Marcelo Teixeira. Deixei o Abel Braga por último, e sobre ele falo logo adiante. Primeiro, volto a Teixeira, um dos principais responsáveis pela renovação de toda a estrutura física e técnica da base de Xerém, e um dos idealizadores do inovador projeto Flu-Samorin, uma espécie de campus avançado do Fluminense na Eslováquia .

Ver o post Fluzão tipo exportação: Bloomberg descobre o Flu Samorin, na Eslováquia:

https://www.bloomberg.com/news/features/2017-02-15/how-brazil-s-soccer-factory-dominates-a-5-billion-export-market

E chega-se então ao Abel, o treinador perfeito para este momento difícil, com sua alma tricolor, sua competência futebolística, ele também discreto a seu modo. Mais que um técnico, ele é uma espécie de manager do futebol, o líder capaz, em tese, de conduzir o clube em campo neste momento de transição, em que um  bando de garotos, mais um punhado de jogadores experientes, terá que segurar a barra ao longo de um ano que se prenuncia difícil. Abel tem contrato de dois anos; é de se imaginar que isto foi de caso pensado: sobreviver com dignidade em 2017, para alçar vôos mais altos ano que vem. Eu por exemplo, não penso nem em Libertadores; permanecer na Sulamericana já me deixaria feliz.

Mas vamos ao time que estreia amanhã: Cavalieri, Lucas, Henrique, Renato Chaves e Léo; Orejuela, Wendel e Sornoza; Wellington Silva, Henrique Dourado e Richarlison. Ou seja, ainda sem nossa maior estrela e maior esperança: Gustavo Scarpa.

Na defesa, Cavalieri sem ser ótimo, ainda nos dá segurança. Lucas e Henrique, este principalmente, são muito bons jogadores. O capitão está à altura de qualquer outro grande time brasileiro. Léo é um menino de muita força na marcação, boa técnica, mas instável no ataque. Renato Chaves é apenas um zagueiro razoável. Nele, ronda sempre o perigo. Orejuela é um volante muito técnico, marca bem e passa muito bem. Wendel, depois que perdemos Douglas - ele tem uma doença auto-imune, artrite reativa, que pode até inviabilizar sua carreira -, passou a ser nossa, até agora, maior revelação; segundo volante muito técnico, também marca e passa bem; mas, ainda, muito garoto. Sornoza, o outro equatoriano, é um meio de muita habilidade, bom passador, faz gols, bom também na bola parada; agressivo, irritadiço, perde-se um pouco em campo às vezes por causa disso. Wellington e Richarlison, pelos lados, são excelentes, mas desde que estraçalharam o Flamengo na Taça Guanabara, passaram a ser melhor marcados, e o Abel vai ter que ensiná-los a sair dessa armadilha. Henrique Dourado, centroavante centroavante, não tem um terço do talento do Fred. Quebra o galho; quando o Scarpa voltar, Abel muda a esquema, e ele sai do time. No banco, Júlio César substitui bem o Cavalieri; Nogueira ainda vai pegar o lugar do Renato Chaves; Marquinhos Calazans é um baita talento; a diretoria tem que arrumar um lateral esquerdo pra revezar com o Léo, de modo a que o Calazans possa jogar como meia avançado, que é o seu lugar; o veterano Pierre será usado em momentos em que iremos precisar de um volante das antigas; Marquinho, já meio veterano, é uma nulidade; Lucas Fernandes sabe jogar na meia e pelos lados; Pedro ainda será titular, um centroavante alto, de boa técnica, que sabe sair como saber fazer bem o pivô; e o Marcos Júnior é o Marcos Júnior: um jovem veterano, de técnica razoável, que volta e meia, como ele gosta de dizer, resolve.

E amanhã?
Flu 2 Santos 1.

Gols de Richarlison e Dourado.


terça-feira, 11 de abril de 2017

E aí vai o meu Flu de todos os tempos

Castilho, Carlos Alberto, Pinheiro, Ricardo Gomes e Branco; Denílson; Telê, Didi, Gerson e Rivelino; Valdo.

Escalado num 4-1-4-1, tão popular hoje em dia.

Denílson, o Rei Zulu, na definição sempre precisa do Nelson, à frente da zaga, mas saindo para o jogo com passes precisos; Telê e Rivelino abrindo para os lados, trocando de posições, variando para o meio; os gênios Gerson e Didi mais recuados, fazendo lançamentos precisos para as avançadas do Carlinhos e do Branco. Na área, inigualável, Valdo fazendo tanto gol, que é até hoje o nosso maior artilheiro de todos os tempos.

De Carlos José Castilho, o que dizer?

Pinheiro, um esteio na retaguarda, infalível nos pênaltis, pouco técnico, é verdade, mas o companheiro perfeito para o super técnico, elegantérrimo, Ricardo Gomes.

Mas foi tudo um sonho ... acordei!, como poetou Lamartino Babo, em Eu Sonhei que Tu Estavas tão Linda, que vai aí embaixo, na voz do inesquecível Carlos Galhardo.

https://www.youtube.com/watch?v=5hHoRXzd8PI


Dei um tempo, estou voltando

https://esporte.uol.com.br/enquetes/2017/04/06/fluminense.htm

Clique no link e vote no melhor Flu de todos os tempos.

sábado, 11 de março de 2017

7 a 1, 6 a 1, 1 a 1

No dia dos 7 a 1, quando a Alemanha fez o terceiro gol, saí, desnorteado, da casa de uma de minhas filhas, onde assistíamos a Copa em família, e, porque era perto, me refugiei sozinho no apartamento onde vivo com minha mulher, buscando esquecer o mundo, grudado no Netflix. Mas os gritos, lamentos, que vinham dos bares das redondezas não deixavam que a tragédia em progresso me abandonasse.

Como a tragédia dos 7 a 1 não abandona o Tiago Silva.

Escrevo, sem nada querer justificar, mas porque tenho uma imensa admiração pelo futebol dele, e, mais ainda, porque tenho uma imensa solidariedade pela história pessoal dele, não só por ter vindo, como quase todos, dos estratos mais pobres da sociedade brasileira, mas porque quase morreu por abandono em um infecto hospital de Moscou.

Hospital onde o Dínamo da capital russa o largou, sem suporte pessoal algum, para tratar de uma tuberculose que os médicos do Porto, de Portugal, tinha deixado passar batido.

Mais um caso, talvez o mais grave, de tantos jovens brasileiros cujos talentos são desperdiçados na periferia do futebol globalizado. Tiago foi literalmente salvo por Ivo Wortmann. O ex-volante dos bons e passados tempos do América carioca e, depois, do Palmeiras, técnico de futebol, hoje um fora do circuito, em 2005 foi contratado pelo referido Dínamo, e coube a ele, que conhecia Tiago dos tempos em que treinara o Juventude de Caxias do Sul, descobrir o jovem zagueiro no hospital, onde, segundo o próprio Tiago Silva, médicos já se preparavam para lhe abrir o peito e tirar pedaços do seus pulmões. Foi Wortmann quem conseguiu um especialista português para tratar o zagueiro e, quando em 2006,veio treinar o Fluminense, trouxe Tiago com ele (ver, por exemplo, http://globoesporte.globo.com/programas/esporte-espetacular/noticia/2013/06/origens-thiago-silva-abre-o-jogo-e-se-emociona-ao-lembrar-das-dificuldades.html).

E se fez aí um capítulo bonito da história do futebol brasileiro.

Um monstro no Fluminense, foi monstro e capitão do Milan, e é um monstro e capitão do PSG.

Mas, Tiago é também uma das principais vítimas do 7 a 1, ainda que não tenha estado em campo naquele fatídico dia.

A Copa de 2014 passará à história como um dos maiores equívocos esportivos, culturais e políticos da história brasileira. Bilhões foram enterrados em duvidosas 'arenas' país a fora, inclusiva a mais cara e inútil delas, o monstrengo arquitetônico que, aqui em Brasilia, desonra a memória de Mané Garrincha.  Emocionalizou-se a seleção brasileira a um ponto jamais antes visto, envolvida desde a Copa das Confederações com uma profunda crise ético-político do qual o país parece não conseguir sair. Tinha-se a impressão de que o 'hepta' era a poção mágica que nos jogaria de novo para um radiante futuro. Emocionávamos todos, como nunca, com o Hino Nacional que, cantado à capela, desafiava as normas da famigerada FIFA. Os jogadores todos iam às lágrimas, como às lágrimas foi o Tiago quando teria se recusado bater um pênalti na dramática disputa como o Chile nas oitavas de final.

O Monstro, ao mostrar ali toda a sua, ainda que circunstancial, fragilidade emocional, começaria a ver a sua imagem de zagueiro quase que tecnicamente perfeito ser paulatinamente desmontada. Nenhum erro seu jamais voltaria a ser perdoado.

Mesmo quando ele não comete erro algum, e aqui chego à surra que o PSG levou do Barcelona nesta semana. Porque Tiago Silva, e ouvi isso de 'cronista' esportivo brasileiro inclusive,  não fez valer a sua condição de capitão do time, 'sacudindo' o coitado do Marquinhos e outras bilionárias estrelas bancadas por bilionárias quantias bancadas por bilionários árabes.

Durma-se com um barulho desses.

E o tal de Unay Emery?, o 'brilhante' espanhol que ganha bilionário salário pra treinar o PSG? O que dizer da sua 'estratégia' pra segurar o Barcelona no Camp Nou? Não, segundo a imprensa francesa, e até certos jornalistas brasileiros, o grande problema dos 6 a 1 foi o chorão do Tiago Silva.

Por isso, hoje e sempre, por ser o grande atleta que é, por ter sido um dos maiores zagueiros da história do Flu, por ter a história que tem, vai aqui toda a minha, ainda que pouco importante, no contexto de toda essa história, solidariedade ao Tiago Silva.

E o 1 a 1?
Sim, o 1 a 1 do Flu contra o Criciúma.

Depois da maratona da ida e volta a Sinop, depois da belíssima conquista da Taça Guanabara, e depois da inesperada maratona do vôo atrasado para Criciúma, em avião fretado, imaginem, concordo com o Abel: o empate ficou de bom tamanho.


quarta-feira, 8 de março de 2017

Flu Saudades: campeão da Taça Guanabara 1975

Time base:

Félix, Toninho, Silveira, Assis e Marco Antônio; Zé Mário, Cléber e Rivellino; Cafuringa, Manfrini e Mário Sérgio.

Era a Máquina Tricolor surgindo.

segunda-feira, 6 de março de 2017

O Menino da Ceilândia

Em 2012, quando subiu das categorias de base para a equipe principal do Fluminense, o menino Marcos Júnior, depois de fazer o quarto gol na decisão do Carioca daquele ano - vitória de 4 a 1 sobre o Botafogo -, na entrevista de final de jogo, entusiasmado, falou ao repórter, e eu parafraseio:

- O professor - que só poderia ter sido mesmo o Abelão - me disse pra entrar e resolver; eu fui lá e resolvi.

Foi o que bastou para Deco, então o mais vencedor daquele elenco do Fluminense, que tinha Fred e Tiago Neves, entre outros, e que terminaria o ano como campeão brasileiro, arrumasse logo um apelido para o atrevido e elétrico novato:

- Resolve.

Em 2011, na final do Torneio Otávio Pinto Guimarães, competição carioca de juniores, da qual ele foi o artilheiro com 9 gols, depois de um empate com o Flamengo por 3 a 3, que deu o título ao rubronegro, Marcos Júnior chorou copiosamente, pela derrota, é claro, porém, mais que tudo, porque seu pai, Antônio Marcos, por  falta de condições financeiras, não pudera viajar de Brasília para assistir o jogo (http://globoesporte.globo.com/futebol/times/fluminense/noticia/2011/11/atacante-da-base-do-flu-chora-pela-ausencia-do-pai-na-final-do-opg.html).

Marcos Júnior é filho da Ceilândia, a cidade-satélite, na verdade um dos grandes bairros periféricos de Brasília, com seus cerca de 400 mil moradores, que tem esse nome porque nasceu de um projeto socialmente cruel, logo após a fundação da nova capital, com o nome de Campanha para Erradicação das Invasões, daí o a acrônimo CEI, daí o nome Ceilândia. Considerado o mais nordestino dos bairros brasilienses, abrigo daqueles trabalhadores que ajudaram a erguer a nova cidade, que nela moravam em acampamentos precários, mas no Plano Piloto, e que dela foram afastados para as franjas precárias da capital do país.

Foi na Ceilândia que Marcos Júnior deu seus primeiros chutes em uma bola de futebol, e é na Ceilândia que ele mantém um projeto social, uma escolinha de futebol, fazendo o que muitos atletas como ele fazem - dar retorno social às comunidades pobres de onde vieram, e de onde saíram graças ao esporte.

Mas, e voltando ao Deco e ao apelido - do qual ele hoje já se livrou: Marcos Júnior resolve?

Sim, se não vejamos: de seus pés saíram os gols dos últimos título do Flu: o da Primeira Liga, ano passado, e o da Taça Guanabara, ontem.

Nossas homenagens candangas, pois, ao Menino da Ceilândia.

De resto, muita vontade de falar mais sobre o jogo de ontem.

Mas, por ora, apenas um registro emocionado.

Afinal, como não se emocionar diante da emoção de Abel Braga, um dos mais  vitoriosos, e veteranos, treinadores do nosso futebol, às lágrimas, ontem, depois de o Fluminense, em jogo épico - digno de um Nélson Rodrigues - vencer nos pênaltis a Taça Guanabara. Sim, a Taça Guanabara! Um primeiro turno de um, por vezes, molambento campeonato carioca, que só garante vaga na semifinal. Se o choro do Abel não reflete um baita amor pelo Fluzão, o que mais refletiria?





domingo, 26 de fevereiro de 2017

Domingo que vem vai ter Fla-Flu! Mas, onde?

"Encardido esse Madureira. Time de Champion's rsrs!"

Foi assim, com essa brincadeira em um grupo no WhatsApp, que tentei me consolar depois do fraco desempenho do Fluminense no 0 a 0 com o Madureira.

A crônica esportiva, como se dizia antigamente, tinha, é claro, razão, quando indagada sobre o auspicioso início de temporada do Flu, que andou goleando a torto e a direito no melancólico campeonato carioca. E sem levar gols. Levara dois, é verdade, do pitoresco Globo FC, na Copa do Brasil, mas fez cinco - um deles, aquela inesquecível pintura do Gustavo Scarpa. Como levou dois do Criciúma, na, ainda mais melancólica, e inútil, Primeira Liga, mas fez  três. E, jogando com o time B, levou um na derrota para o Internacional. Ou seja, até ontem quase tudo era lucro. 

Mas, o que dizia mesmo a crônica esportiva? 

Dizia que só se saberia se aquele Fluminense goleador do Carioquinha era mesmo pra valer quando enfrentasse o poderoso - na visão da mesma crônica, é claro - Flamengo, na final da Taça Guanabara. Porque nem mesmo o mais cético cronista imaginava que o Fluzão perderia para o pequeno Madureira.

Pois só não perdeu porque o espírito de São Castilho pousou ontem sobre o mais do que melancólico campo de Los Larios, em Xerém, e não deixou que a bola vazasse o gol de Júlio César, fosse pelo inépcia do outro Júlio César, o do Madureira, fosse baixando o travessão para que a bola batesse nele, fosse movendo a trave para que a bola saísse pela linha de fundo. Ou seja, ontem nem o famigerado Sobrenatural de Almeida impediria que o Flu fosse finalista da Taça Guanabara, como me lembrou em um telefonema, pós-jogo, o outro Sobrenatural, o meu amigo Sobrenatural de Almada, eterno morador dos Campos de Lages, em Santa Catarina.

Ou seja, hoje se sabe, como se imaginava, que o time do Fluminense, sob o comando sempre lúcido e sereno do grande Abel Braga, vai precisar mesmo de muita lucidez e serenidade para enfrentar o poderoso urubu da Gávea.

Mas, o que nos ensinou, a nós tricolores, o jogo de ontem?

Nos ensinou, por exemplo, que o veterano Sousa Caveirão, aquele que, cria do Madureira, e que jogou no Vasco, Corínthians, Flamengo, Internacional, Bahia, Parathinaikos, Paysandu, etc., e voltou agora para o seu velho clube, é capaz de ganhar todas pelo alto do Henrique e do Renato Chaves. Nos ensinou também que o Douglas ainda precisa de mais rodagem para esbanjar a técnica que, reconheço, ele tem; que o Leo tem força, mas pouca técnica; que o Richarlison tem menos técnica, porém muito mais força que o Wellington e por isso deve ser titular; que o Dourado nem de longe nos fará deixar de sentir a doída saudade do Fred que ainda vamos sentir por muito tempo; e que nem de longe podemos pensar em jogar o Fla-Flu sem o Gustavo Scarpa, que se transformou em um Conca pra nós em muito menos tempo que o próprio Conca se transformou em Conca. E que me seja perdoado esse irrefletido paradoxo. E que o Conca volte a ser o Conca, mesmo reforçando o Flamengo. Ele merece.

De resto, dito isto tudo, e apesar do sufoco de ontem, o ano começou bem para o Fluminense, porque o Abel tem alma tricolor, e porque temos hoje um dos melhores programas de base do futebol brasileiro. 

Por último, a pergunta que não quer calar: onde será jogado o Fla-Flu? Em Los Larios (valha-nos, Deus)?; em Volta Redonda?; no Engenhão?; no Maracanã?; em Brasília?; na Casa da Mãe Joana?

Descansem em paz Mário Filho e Nelson Rodrigues, irmãos de sangue, irmãos na literatura, irmãos no jornalismo, irmãos no futebol, no amor pelo Fluminense. Que bom vocês não terem vivido para testemunhar a tragédia por que passam hoje o país e o Rio de Janeiro.




terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Flu Saudades: campeão carioca 1951

Time base:

Castilho, Píndaro e Pinheiro; Vítor, Edson e Lafaiete; Telê, Didi, Carlyle, Orlando Pingo de Ouro e Joel.

Ícones daquele time: Castilho, Píndaro, Pinheiro, Telê, Didi e Orlando Pingo de Ouro.


sábado, 18 de fevereiro de 2017

Xerém, o hoje e o amanhã

Marcos Felipe, Renato, Frazan, Reginaldo e Marquinhos Calazans; Pierre, Wendel e Marquinho; Marcos Jr., Richarlison e Lucas Fernandes.

Não jogaram: Nogueira, Léo, Douglas, Wellington e Gustavo Scarpa.

Pelo menos por ora, este será um tema recorrente neste blog: por necessidade, o Fluminense, com o sábio comando técnico e tático de Abel Braga, com Alexandre Torres, filho do grande Carlos Alberto, na gerência do futebol tricolor, jogou todas as fichas na juventude da base de Xerém, base da qual vieram, em tempos idos, antes de Xerém, Abel, Alexandre e o imortal capitão do  tri.

Cinco jogos no estadual, cinco vitórias, 14 gols a favor, média de 2,8 por jogo, nenhum gol sofrido.

Os 4 a 0 no Volta Redonda, que semana passada encaçapara o Vasco e até hoje tinha chances de disputar a semifinal da Taça Guanabara, foi a terceira seguida, incluídos aí os 5 a 2 sobre o Globo FC potiguar quarta passada, em que o Flu matou o jogo, fazendo 3 a 0 antes dos 30 minutos do primeiro tempo. Só que hoje nenhum titular jogou; a responsabilidade ficou fundamentalmente com os garotos de Xerém, dos quais Marcos Felipe, Frazan, Marquinhos Calazans e Wendel jamais tinham começado uma partida na equipe principal.

Destaques: Richarlison, com dois gols, Wendel e Marquinhos Calazans, sendo que este, meia de origem, está sendo improvisado na lateral esquerda, e jogou muito hoje.

O que fica disso tudo?

Fica o que disse Abel em mais uma das suas sinceras entrevistas, na sexta-feira: na próxima janela européia, no meio do ano, vai ser difícil segurar o Scarpa, ou o Douglas, ou o Richarlison, ou, quem sabe, todos os três. Como ano passado deixamos ir o Marlon, para o Barcelona, o Kenedy, para o Chelsea, e o Gerson, para o Roma, sendo que nenhum dos três está hoje na equipe principal, todos exilados para os times B; o Kenedy já até andou jogando por uma equipe menor do campeonato inglês.

Ou seja, os tricolores que curtam, este blogueiro entres eles, um início de temporada tão auspicioso, mas sabendo que, logo adiante, mesmo que o time continue jogando bem, a festa tende a acabar, porque os talentos que ficaram não serão suficientes para compensar a falta dos que se foram.

PS: em sua entrevista, Abel, que conhece o Internacional como poucos, clube onde conquistou suas maiores glórias como treinador, lembrou Nilmar, Pato - que ele lançou, menino na equipe principal -, Walter, Fred, Tyson, entre outros, para evidenciar o quanto os clubes brasileiros tem que se sacrificar para equilibrar os seus sempre desequilibrados orçamentos. Em outras palavras, você pode revelar grandes talentos hoje, mas nada diz que, sem eles, você não estará na série B, ou C, amanhã.


sábado, 11 de fevereiro de 2017

Altair

http://globoesporte.globo.com/futebol/noticia/2017/02/por-causa-de-alzheimer-campeao-do-mundo-em-1962-nao-recebe-pensao.html

Nos anos 1950, o Torneio Rio-São Paulo equivalia ao campeonato brasileiro, que só começaria a nascer com a Taça Brasil, em 1959.

Em 1957, vésperas da primeira grande conquista do nosso futebol, o Fluminense foi campeão invicto do Rio-Paulo, jogando contra grandes times, como o Santos de Manga, Urubatão, Jair da Rosa Pinto, Pepe, Pagão, Zito, Dorval, e de um fenômenos de 16 anos, Pelé; o Botafogo de Didi, que recém deixara as Laranjeiras, Garrincha, Nilton Santos,  Paulo Valentim, Quarentinha; o Vasco de Paulinho, Bellini, Orlando, Vavá, Sabará, Pinga; o Flamengo de Joel, Moacir, Dida, Babá, Indio, Zagallo; o Palmeiras, de Valdermar e Mazola, e assim por diante.

Time base do Fluminense, naquele ano de uma de suas maiores conquistas: Victor Gonzales, Cacá e Roberto; Ivan, Clóvis e Altair; Telê, Robson, Waldo, Jair Francisco e Escurinho.

Waldo era o monstro daquele time, até hoje maior artilheiro da história do clube, com inalcançáveis 319 gols; como foi, jogando pelo Valência, da Espanha, para onde se transferiu em 1962 - e onde mora até hoje -, o maior artilheiro da Liga Espanhola até 2006, com 115 gols, quando Ronaldo Fenômeno o ultrapassou.

Mas, daquele time, como jogador de seleção brasileira, o mais bem sucedido seria Altair, bicampeão do mundo em 1958 e 1962, reserva que teria mesmo que ser do incomparável Nilton Santos.

Em 2013, Altair esteve em Brasília, convidado pela CBF, para acompanhar a Copa das Confederações; já sofria do Mal de Alzheimer e, numa comovente história, perdeu-se do ônibus da sua comitiva no início de uma tarde de junho, e passou a vagar pela cidade, à procura da delegação do seu eterno Fluminense, e só foi encontrado por quatro jornalistas, que estavam em um táxi, perto da meia noite, na Avenida das Nações.

- Sou bicampeão do mundo, ele dizia, como se fosse a única certeza que tivesse naquele momento.








quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Pobre futebol brasileiro

Poucas coisas são mais desanimadoras para um/a amante do futebol do que os estádios em que acontece a maioria dos jogos dos campeonatos estaduais.

Claro que em um país com a extensão geográfica e as desigualdades socio-econômicas como o nosso, não podemos esperar estádios, ?arenas? (sic), belas e lotadas o tempo todo, como o Camp Nou, ou o renovado Wembley. O futebol brasileiro é tão esculhambado fora dos campos, e, em geral, dentro dele também, que um dos seus maiores, e até belos, estádios, a caminho da deterioração, é o Mané Garrincha, de Brasília, cidade onde mal se tem um campeonato local, tamanha a fragilidade econômica e técnica dos seus times (ressalvados os soluços que foram o CEUB, nos anos 1970, e, mais recentemente, o Gama e o Brasília, este ainda controlado pelo ex-senador, hoje presidiário, Luiz Estevão).

É um futebol tão esculhambado, que nosso maior orgulho futebolístico, o Maracanã, arenizado para a Copa do Mundo, mas mesmo assim um belo estádio, hoje, protagoniza sua segunda tragédia, em vias de se tornar uma enorme tapera.

Alias, a propósito da primeira tragédia, dá vontade de ir a Montevidéu só pra ver e revisitar o histórico Estádio Centenário, passear pelo museu, pisar no gramado, e sofrer, mesmo que pouco, com a experiência de sentir aquele ambiente preservado da ganância que consumiu o nosso Maracanã, cuja salvação não se consegue enxergar no horizonte.

Mas, voltemos aos estaduais e seus estádios, para refletir um pouco sobre a loucura jamais tão grande em que virou neste ano o calendário do futebol brasileiro.

Estaduais, Copa do Brasil, Primeira Liga, Sul-Americana, e o Brasileirão, séries A e B, C e D.

Ontem à noite, em Porto Alegre, pouco ante de começar o jogo com o Internacional, Abel Braga vituperou impropérios a propósito da loucura do calendário atual do futebol brasileiro, colocando-se, inclusive, e acho que conscientemente, de forma crítica à diretoria do Fluminense, fundadora ano passado da dita Primeira Liga, hoje uma ideia sem qualquer sentido esportivo, e muito menos política. Logo ela que nasceu para impor racionalidade ao futebol brasileiro, em oposição à  CBF. Jogando ontem com um time sem oito dos titulares que iniciaram muito bem o ano, Abel falou do que espera o Fluminense, e outros clubes grandes brasileiros, nas próximas semanas: estadual, Primeira Liga, Copa do Brasil, Sul-Americana.

Nada ilustra melhor essa esculhambação do que a situação da Chapecoense, que jogou ontem e joga hoje. Wagner Mancini estourou muito mais alto do que o Abel diante do absurdo. Ontem, em Florianópolis, com o time principal, derrota para o Avaí por 3 a 0. Hoje à noite, com o time sub-23, a Chape enfrente o Cruzeiro, em Belo Horizonte, pela Primeira Liga.

O que mais dizer?

Lições de uma derrota anunciada

Já que o assunto é Primeira Liga, o Fluminense perdeu por 1 a 0 para o Internacional do sempre inspirado D'Alessandro.

Sem Cavalieri (ainda contundido), Lucas, Renato Chaves, Sornoza, Douglas, Gustavo Scarpa, Wellington e Henrique Dourado (todos poupados), a derrota era esperada, mesmo contra um time remontado para disputar a série B, que começou mal o Gauchão e que, por isso mesmo, com o time titular faria tudo pra vencer o Flu.

Como as circunstâncias eram essas, Abel Braga resolveu aproveitá-la para testar algumas alternativas.

Duas dessas demonstraram, de novo, sua conhecida incompetência: o lateral direito Renato, que o Fluminense mandara para o Avaí ano passado, mas que voltou parecendo pior do que era; e o Osvaldo, uma das piores contratações que já vi o Fluminense fazer em sua história. Agora, vejamos: do Renato, talvez seja fácil se desfazer na janela do Brasileirão: não tem salário alto; é quase certo que algum clube médio se interessará por ele. Já o Osvaldo não quer sair de jeito nenhum, e não é por menos. Tem salário de três dígitos, e sabe que ninguém lhe pagará a mesma grana. Em suma: ou o Fluminense paga pra ele sair, ou vai ficar no come-e-dorme.

O que mais dizer?

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Post Scriptum 2

O garoto Léo chorou domingo, e agora choro eu, depois de ler a entrevista abaixo, em que ele, sem lamentar, mas eu compreendo, não esconde a triste realidade econômica do futebol brasileiro, e não só do Fluminense:

Em participação no programa "Camarote", do canal Premiere, o presidente Pedro Abad não fez rodeios ao ser perguntado por negociações na próxima janela. O mandatário admitiu que o Fluminense vai precisar vender algum jogador para manter o equilíbrio financeiro do clube.
- Certamente vai ter algum jogador que precisaremos vender. Gosto de ser muito sincero com o torcedor. Vivemos uma época onde as informações são tão desencontradas que a gente tem de ser muito direto com o torcedor, não adianta querer enganá-lo. Hoje o futebol se faz com dinheiro. Se não tem dinheiro, não faz futebol - declarou o mandatário.
Para Abad, o ciclo é natural no futebol brasileiro, que exporta sua "matéria-prima" para a Europa. Ainda de acordo com o cartola, a venda se faz necessária para organizar minimamente os cofres do clube.
- Os clubes, para manter suas contas minimamente organizadas, formam seus jogadores, vendem e repõem. É um ciclo que não para: você capta, forma, tem retorno técnico, financeiro e repõe. O futebol brasileiro, por si só, é um centro formador e não consumidor como a Europa. É natural que os times vendam - explicou. 
A grande dificuldade, para o presidente do Fluminense, é saber a hora de vender o jogador. Segundo Pedro Abad, "vender bem" nem sempre é lucrar mais rápido.
- O segredo é vender bem. O jogador às vezes não dá retorno técnico ao time. Ainda na base vai para o futebol europeu. Temos sempre que avaliar o momento de o jogador seguir o caminho dele. Em que momento ele foi bom o suficiente para ser vendido.


Post Scriptum 1

Esqueci de dizer que Los Larios fica em Xerém, onde fica também nossa fábrica de talentos. Como o Léo, o garoto de 20 anos, lateral esquerdo, que, domingo, ao marcar seu primeiro gol como profissional - após linda deixada do Wellington, outra revelação de Xerém -, chorou copiosamente. Mais um brasileiro que, e viva esse lugar comum tão presente em nosso futebol, até poucos anos atrás dividia com sete irmãos e irmãs o pouco pão que os pais conseguiam trazer pra casa.

Nelson Rodrigues

Domingo último, em um melancólico estádio, de nome simpático, Los Larios, casa do Tigres fluminense, o Fluminense, em um campo encharcado, derrotou por 3 a 0 a velha Portuguesa carioca. Saudades dela, do Olaria, do São Cristóvão, do Canto do Rio, e mais Madureira, Bonsucesso, o Bangu eterno, e do querido América do meu pai. Uns já se foram, outro ainda por aí, o Bangu hoje nas manchetes porque comandado no campo pelo excepcional Loco Abreu. Tanta saudade, e o fato de a Portuguesa ter um Nelson Rodrigues como técnico, me deu vontade de começar esta semana homenageando o nosso Nelson Rodrigues, republicando uma das suas maiores criações esportivas, a Grã-Fina das Narinas de Cadáver.

Aí  vai:

"Amigos, pensam vocês que o futebol tem a simplicidade dos outros esportes. Não, não tem. Não é apenas técnico e tático como os outros. O futebol é mágico. Quantas vitórias, quantas derrotas, desafiam todo o nosso raciocínio e toda a nossa experiência?
Vocês se lembram de 50 e quem não se lembra de 50? O Brasil não podia perder. Técnica e psicologicamente estava em condições muito superiores às do adversário. Só a presença da nossa torcida (duzentos e cinquenta mil brasileiros) bastava, ou devia bastar para esmagar o Uruguai. Mas perdemos o jogo. Não podíamos perder e perdemos. Aconteceu o seguinte: - vitoriosa, a 'Celeste" ainda fez a volta olímpica. Tivemos que aplaudir a nossa própria humilhação. Pois este episódio negro na nossa história esportiva foi um milagre contra nós, um milagre pró-Uruguai.
Aí está dito tudo: - há milagres no futebol. E a reação da torcida é a mais imprevisível. Amanhã, há um Fla-Flu, mais um Fla-Flu. É um clássico que magnetiza toda a cidade. Ontem, encontrei-me com a grã-fina das narinas de cadáver. Ela veio para mim, feliz no encontro. Disse: - 'Vou ao Fla-Flu'. Imaginem vocês que, outro dia, ela me entra no Mário Filho e pergunta: "- Quem é a bola?" Não sabia quem era a bola, mas era tocada pela magia do Fla-Flu. Sabe quem é o Fla-Flu e não sabe quem é a bola.
Venho acompanhando o destino do clássico, desde a minha infância profunda. Naquele tempo, era Flamengo x Fluminense. Foi Mário Filho que alguns anos depois criou o diminutivo fascinante: - Fla-Flu. Eu queria dizer que o Fla-Flu apaixona até os neutros. Ou por outra: - diante do formidável clássico não há neutros, não há indiferentes. Há sujeitos que não gostam do Fluminense, não gostam do Flamengo, mas estão lá. Encontrei um desses, no último Fla-Flu. No intervalo, fui tomar um café. No caminho, vi o meu conhecido num canto, estrebuchante. E mais: - babava na gravata. Aquilo me escandalizou: - 'Ô rapaz! Você não é Flamengo não é Fluminense. Estás torcendo por quem?' Arquejou: - 'Torço contra os dois'. Mas, torcia o desgraçado ...
Não interessa que seja ou não um grande jogo. Só as partidas medíocres precisam ter qualidade. O Fla-Flu vale emocionalmente. Ou por outra: - é Fla-Flu e basta."


terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Magno Alves: vale a pena ler!

https://www.uol/esporte/especiais/vida-longa-ao-magnata.htm#quem-para-o-magnata


Notícia velha

globoesporte.com finalmente 'descobre' o que este Blog já havia analisado dias atrás, e, sem falsa modéstia, com mais profundidade, sem o viés burocrático-estatístico que a turma da Globo usou:

http://globoesporte.globo.com/numerologos/noticia/2017/01/tecnicos-dos-12-principais-clubes-tem-menor-media-de-idade-desde-2008.html

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Tricolores: ...

... melhor esperar mais alguns dias, antes de analisarmos a vitória do Flu de ontem sobre o Vasco. Uma bela vitória, sem dúvida, de um time que, do meio campo pra frente, promete dar aos seus torcedores muitas alegrias.

A renovação em massa, circunstancial, como apontei no último post, poderá até se transformar em uma política de sucesso, que o clube passou a executar porque não tinha outra alternativa.

Mas, não posso deixar de registrar que o Douglas tem tudo para se transformar em um dos melhores volantes do futebol brasileiro ainda este ano, que os dois equatorianos, Orejuela e Sornoza, podem se transformar nas melhores contratações sul-americanas desde o Conca, que, lembremos, chegou às Laranjeiras vindo do Vasco. E que o Scarpa, a cada jogo, mostra que poderá se transformar em um jogador revelado no clube à alturas de talentos como Ricardo Gomes, Branco, Marcelo, só pra lembrar nomes relativamente recentes, ainda bem vivos na memória de muitos de nós, tricolores.



quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Renovação em massa no Fluminense

O Fluminense FC estreiou ontem na Primeira Liga com uma vitória - perdera ou empatara seus últimos dez jogos em 2016 -; 3 a 2 sobre o Criciúma, em Juiz de Fora (outro aposto: em breve, palavras aqui sobre a segunda tragédia do Maracanã).

Mas, não falarei esta manhã muito sobre o jogo; exceto para dizer que: a) é mesmo bom ter o Abel, o decano hoje dos treinadores dos principais clubes do futebol brasileiro, à beira do campo; b) Sornoza, um dos dois equatorianos contratados, promete agradáveis surpresas este ano, acredito; c) a defesa continua a peneira de sempre nas bolas pelo alto.

O assunto sobre o Flu hoje é a renovação, forçada é verdade, pela falta de dinheiro para qualquer contratação significativa, se é que tem alguém significativo dando sopa por aí.

Se não vejamos: dos titulares que entraram em campo ontem, Léo, lateral esquerdo vindo de Xerém, com escala em Londrina, tem 20 anos; Orejuela, volante, o outro equatoriano do time, tem 24, e mostrou que sabe jogar, embora, pelo menos ontem, sem o brilho inicial mostrado por seu compatriota, Sornoza, 23, meia, dois passes para gols na noite passada; Douglas, o outro volante, também cria de Xerém, que só não está hoje na seleção sub-20, da qual já foi capitão, porque machucou-se antes da convocação em dezembro, chegou aos 20 anos neste janeiro; Gustavo Scarpa, meia, maior revelação do clube nos últimos anos, tem 23, e não jogou ontem porque foi convocado por Tite para o amistoso desta noite contra a Colômbia; Marco Júnior, meia, o brasiliense de Ceilândia, outro de Xerém, já é um 'veterano' na equipe principal, aos 24 anos; Wellington, Xerém, que tínhamos deixado escapar para o Arsenal quando mal tinha chegado aos 18 anos, voltou ano passado e, mesmo tendo sofrido um bocado na Europa, não desaprendeu a jogar, e tem 24 anos,

No banco, o Flu tinha ontem, todos da base de Xerém, o centro-avante Pedro, 19, que entrou no segundo tempo e fez um golaço; o goleiro Marcos Felipe, 20: o zagueiro Nogueira, 20; e Lucas Fernandes, 23, que fez um belo Brasileiro ano passado pelo Atlético do Paraná. Não estavam no banco, mas poderão aparecer bem durante o ano, o meia Danielzinho, que disputou a série B pelo Oeste de São Paulo, ano passado, e o meia Marquinhos Calazans 20.

?E, não é que já ia me esquecendo do Richarlison, o garoto de 18 anos, que o Fluminense trouxe ano passado do América mineiro, que quase sucumbiu ao peso de ser visto como o 'sucessor' do Fred, e que, neste momento, brilha, aos 19, na seleção sub-20, no Sul-Americano do Equador.

Em suma, seja circunstancial ou não, essa renovação em massa do elenco do Fluminense, talvez precisasse mesmo de um técnico decano como o Abel, criado no clube, que comandou o time campeão brasileiro de 2012, e que já foi campeão da Libertadores com o Inter, em 2006, ano em que ganhou o mundial de clubes, numa épica vitória por 1 a 0 sobre o Barcelona de Ronaldinho Gaúcho. Um currículo respeitável, para um treinador que, além de conhecer bons vinhos, por ser dono de restaurantes no Rio e em Lisboa, é capaz de não fazer vergonha ao piano, acompanhando o tricolor Ivan Lins, como já vi, e o Chico Buarque de Holanda, o que ainda espero ver algum dia.


domingo, 22 de janeiro de 2017

Renovação em massa à beira dos gramados.

Rogério Ceni, o técnico calouro mais esperado de todos os tempos, ganhou ontem, na Flórida, seu primeiro título, depois de bater o Corínthians nos pênaltis, pela primeira vez na vida sem ter defendido, ou chutado um sequer. Mas, a história aqui não é o primeiro título do Rogério, nem o impacto que ele causou no grand monde futebolístico, primeiro ao aceitar o posto e, depois, por ter feito de um inglês, que ainda está aprendendo o português, e de um francês, que fala bom português, seus auxiliares técnicos. A história aqui hoje é a seguinte: Rogério, no São Paulo; Fábio Carille, no Corínthians; Eduardo Batista, no Palmeiras; Zé Ricardo, no Flamengo; Jair Ventura, no Botafogo; Cristóvam Borges, no Vasco; Roger Machado, no Atlético Mineiro; Antônio Carlos Zago, no Internacional. Pela primeira vez na história do futebol brasileiros, uma maioria de grandes clubes aposta em treinadores novatos, ou quase. Alvissareiros sinais, frutos talvez da gana de renovação que tem nos varrido desde os 7 a 1 de 2014. Todos tem em comum, além da, relativa, juventude, a disposição de estudar e conhecer o que de melhor se tenta fazer no mundo da bola globalizado de hoje.

Não que treinadores mais veteranos, W. Luxemburgo à parte, tenham que ser descartados liminarmente. Fosse assim eu estaria infelicíssimo com o Abelão à frente do meu Fluminense. Pelo contrário; estou contentíssimo. Mas o sessentão Abel Braga é hoje uma espécie de decano dos treinadores dos elencos mais caros - caros, não necessariamente os melhores, quero dizer -, se incluirmos nesse grupo o Dorival Jr., no Santos; o Mano Menezes, no Cruzeiro; e, por que não, o treinador-diletante, Renato Portaluppi, no Grêmio.

Boa sorte a eles todos; ao Abel, principalmente, é claro. Que resistam em seus postos, e possam trabalhar com horizonte de longo prazo.

Boa sorte também ao estudioso e compenetrado Wagner Mancini, em sua nobre missão de comandar a Chapecoense, lá na minha querida Santa Catarina natal.

Bom resto de domingo a tod@s.


domingo, 15 de janeiro de 2017

Mais uma vez, de volta!

A ideia vinha sendo acalentada faz algum tempo: voltar ao Blog, mas, sem perder a paixão primeira pelo Fluzão, ir além das Laranjeiras - e agora também da Barra da Tijuca - onde se ergue o nosso novo Centro de Treinamento (ainda incompleto, é verdade) -, para falar também de outras coisas do futebol brasileiro.

Meu netinho, de 8 anos, Júlio, torce para o Palmeiras. É claro que o título do ano passado foi decisivo para isso - além do estímulo dado pelo tio Alberto -, mas, no fundo, o time do coração do Júlio parece ser o Real Madrid. Ele sonha em ser Cristiano Ronaldo, usa chuteira do CR7, e não parece achar que o Messi seja grande coisa. Quanto ao Neymar, creio que jamais deu uma opinião sobre o nosso grande craque de hoje.

(A propósito, quando Júlio voltar das férias, vou começar a falar com ele sobre o Marcelo; quem sabe desperto nele algum carinho pelo Fluminense😉. Sem muita chance, porém.)

Na minha infância, o Real Madrid teve os geniais Di Stefano, argentino; Puskas, húngaro; por lá andou também o brasileiro Canário, ex-ponta direita do América carioca, time do coração do meu pai. Valdo, maior artilheiro da história do Fluzão, até hoje mora em Valência, onde brilhou tanto quanto aqui. Evarista de Macedo, cracaço de bola, ídolo do Flamengo, foi tão ídolo quanto no Barcelona. Na minha juventude, José Altafini, o nosso Mazola da inesquecível selecão de 1958, deixou o Palmeiras para brilhar no Milan; na Itália, na Fiorentina, brilhou ainda Julinho, o Júlio Botelho, revelado pela Portuguesa paulista, e que só não foi maior no Brasil porque contemporâneo do Garrincha. Já adulto, vi Paulo Roberto Falcão ser coroado Rei de Roma. Zico, Aldair, Júnior brilharam na Itália; Mauro Silva e Mazinho brilharam na Espanha. E mais recentemente Romário, os Ronaldos, Rivaldo e Kaká honraram nosso futebol na Holanda, Espanha e Itália.

E aí, na medida em que a economia política do futebol foi cumprindo seu destino concentrador, oligopolizante, empurrada em parte pelo dinheiro dos novos oligarcas capitalistas russos, da nova configuração econômica européia, com o livre trânsito de capitais, financeiros principalmente, e de mão de obra, inclusive a futebolística, e não apenas a dos baixos salários, um fosso cada vez maior começou a se abrir entre o primeiro e o segundo mundos do futebol. Brasil, Argentina, Uruguais, Chile, Colômbia, Equador, estes principalmente, mas também países africanos e asiáticos, Japão incluído, foram se transformando em exportadores de mão de obras qualificada, e cada vez mais jovem, incapazes de retê-la em seus clubes que, além de economicamente mais frágeis, em geral muito mal administrados.

O Fluminense, razão última deste Blog, revelou - e não vou falar do Marcelo, que já está na Espanha faz dez anos; saiu daqui com 18 -, nos últimos cinco anos três promessas: Kenedy, atacante de beirada, canhoto, forte, habilidoso; Gerson, meiocampista, canhoto também, altamente técnico; e Marlon, um zagueiro, destro, também altamente técnico. Kenedy, depois de ter jogado até de lateral esquerdo no Chelsea, não sei para onde o clube inglês o mandou: Gerson está penando críticas no Roma, só não tantas quanto o Gabigol na Inter de Milão, porque custou muito mais barato. E o Marlon, já incorporado ao elenco principal do Barcelona, depois de breve passagem pelo Barça B, parece ser o que conseguirá o sucesso que todos prometiam ter aqui.

Posso falar ainda do menino Wellington, que o Fluminense deixou ir para o Arsenal com 17, 18 anos, não sei; que chegou lá sem a documentação necessária; que peregrinou durante quatro anos nas segundas divisões espanhola e inglesa, e que voltou ano passado de graça para o Fluminense, e que, quem sabe, pode ainda voltar a ser o bom jogador que foi em seus tempos das divisões de base de Xerém.

E por hoje é só.
Muito bom estar de volta.