Poucas coisas são mais desanimadoras para um/a amante do futebol do que os estádios em que acontece a maioria dos jogos dos campeonatos estaduais.
Claro que em um país com a extensão geográfica e as desigualdades socio-econômicas como o nosso, não podemos esperar estádios, ?arenas? (sic), belas e lotadas o tempo todo, como o Camp Nou, ou o renovado Wembley. O futebol brasileiro é tão esculhambado fora dos campos, e, em geral, dentro dele também, que um dos seus maiores, e até belos, estádios, a caminho da deterioração, é o Mané Garrincha, de Brasília, cidade onde mal se tem um campeonato local, tamanha a fragilidade econômica e técnica dos seus times (ressalvados os soluços que foram o CEUB, nos anos 1970, e, mais recentemente, o Gama e o Brasília, este ainda controlado pelo ex-senador, hoje presidiário, Luiz Estevão).
É um futebol tão esculhambado, que nosso maior orgulho futebolístico, o Maracanã, arenizado para a Copa do Mundo, mas mesmo assim um belo estádio, hoje, protagoniza sua segunda tragédia, em vias de se tornar uma enorme tapera.
Alias, a propósito da primeira tragédia, dá vontade de ir a Montevidéu só pra ver e revisitar o histórico Estádio Centenário, passear pelo museu, pisar no gramado, e sofrer, mesmo que pouco, com a experiência de sentir aquele ambiente preservado da ganância que consumiu o nosso Maracanã, cuja salvação não se consegue enxergar no horizonte.
Mas, voltemos aos estaduais e seus estádios, para refletir um pouco sobre a loucura jamais tão grande em que virou neste ano o calendário do futebol brasileiro.
Estaduais, Copa do Brasil, Primeira Liga, Sul-Americana, e o Brasileirão, séries A e B, C e D.
Ontem à noite, em Porto Alegre, pouco ante de começar o jogo com o Internacional, Abel Braga vituperou impropérios a propósito da loucura do calendário atual do futebol brasileiro, colocando-se, inclusive, e acho que conscientemente, de forma crítica à diretoria do Fluminense, fundadora ano passado da dita Primeira Liga, hoje uma ideia sem qualquer sentido esportivo, e muito menos política. Logo ela que nasceu para impor racionalidade ao futebol brasileiro, em oposição à CBF. Jogando ontem com um time sem oito dos titulares que iniciaram muito bem o ano, Abel falou do que espera o Fluminense, e outros clubes grandes brasileiros, nas próximas semanas: estadual, Primeira Liga, Copa do Brasil, Sul-Americana.
Nada ilustra melhor essa esculhambação do que a situação da Chapecoense, que jogou ontem e joga hoje. Wagner Mancini estourou muito mais alto do que o Abel diante do absurdo. Ontem, em Florianópolis, com o time principal, derrota para o Avaí por 3 a 0. Hoje à noite, com o time sub-23, a Chape enfrente o Cruzeiro, em Belo Horizonte, pela Primeira Liga.
O que mais dizer?
Lições de uma derrota anunciada
Já que o assunto é Primeira Liga, o Fluminense perdeu por 1 a 0 para o Internacional do sempre inspirado D'Alessandro.
Sem Cavalieri (ainda contundido), Lucas, Renato Chaves, Sornoza, Douglas, Gustavo Scarpa, Wellington e Henrique Dourado (todos poupados), a derrota era esperada, mesmo contra um time remontado para disputar a série B, que começou mal o Gauchão e que, por isso mesmo, com o time titular faria tudo pra vencer o Flu.
Como as circunstâncias eram essas, Abel Braga resolveu aproveitá-la para testar algumas alternativas.
Duas dessas demonstraram, de novo, sua conhecida incompetência: o lateral direito Renato, que o Fluminense mandara para o Avaí ano passado, mas que voltou parecendo pior do que era; e o Osvaldo, uma das piores contratações que já vi o Fluminense fazer em sua história. Agora, vejamos: do Renato, talvez seja fácil se desfazer na janela do Brasileirão: não tem salário alto; é quase certo que algum clube médio se interessará por ele. Já o Osvaldo não quer sair de jeito nenhum, e não é por menos. Tem salário de três dígitos, e sabe que ninguém lhe pagará a mesma grana. Em suma: ou o Fluminense paga pra ele sair, ou vai ficar no come-e-dorme.
O que mais dizer?
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017
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