domingo, 26 de fevereiro de 2017

Domingo que vem vai ter Fla-Flu! Mas, onde?

"Encardido esse Madureira. Time de Champion's rsrs!"

Foi assim, com essa brincadeira em um grupo no WhatsApp, que tentei me consolar depois do fraco desempenho do Fluminense no 0 a 0 com o Madureira.

A crônica esportiva, como se dizia antigamente, tinha, é claro, razão, quando indagada sobre o auspicioso início de temporada do Flu, que andou goleando a torto e a direito no melancólico campeonato carioca. E sem levar gols. Levara dois, é verdade, do pitoresco Globo FC, na Copa do Brasil, mas fez cinco - um deles, aquela inesquecível pintura do Gustavo Scarpa. Como levou dois do Criciúma, na, ainda mais melancólica, e inútil, Primeira Liga, mas fez  três. E, jogando com o time B, levou um na derrota para o Internacional. Ou seja, até ontem quase tudo era lucro. 

Mas, o que dizia mesmo a crônica esportiva? 

Dizia que só se saberia se aquele Fluminense goleador do Carioquinha era mesmo pra valer quando enfrentasse o poderoso - na visão da mesma crônica, é claro - Flamengo, na final da Taça Guanabara. Porque nem mesmo o mais cético cronista imaginava que o Fluzão perderia para o pequeno Madureira.

Pois só não perdeu porque o espírito de São Castilho pousou ontem sobre o mais do que melancólico campo de Los Larios, em Xerém, e não deixou que a bola vazasse o gol de Júlio César, fosse pelo inépcia do outro Júlio César, o do Madureira, fosse baixando o travessão para que a bola batesse nele, fosse movendo a trave para que a bola saísse pela linha de fundo. Ou seja, ontem nem o famigerado Sobrenatural de Almeida impediria que o Flu fosse finalista da Taça Guanabara, como me lembrou em um telefonema, pós-jogo, o outro Sobrenatural, o meu amigo Sobrenatural de Almada, eterno morador dos Campos de Lages, em Santa Catarina.

Ou seja, hoje se sabe, como se imaginava, que o time do Fluminense, sob o comando sempre lúcido e sereno do grande Abel Braga, vai precisar mesmo de muita lucidez e serenidade para enfrentar o poderoso urubu da Gávea.

Mas, o que nos ensinou, a nós tricolores, o jogo de ontem?

Nos ensinou, por exemplo, que o veterano Sousa Caveirão, aquele que, cria do Madureira, e que jogou no Vasco, Corínthians, Flamengo, Internacional, Bahia, Parathinaikos, Paysandu, etc., e voltou agora para o seu velho clube, é capaz de ganhar todas pelo alto do Henrique e do Renato Chaves. Nos ensinou também que o Douglas ainda precisa de mais rodagem para esbanjar a técnica que, reconheço, ele tem; que o Leo tem força, mas pouca técnica; que o Richarlison tem menos técnica, porém muito mais força que o Wellington e por isso deve ser titular; que o Dourado nem de longe nos fará deixar de sentir a doída saudade do Fred que ainda vamos sentir por muito tempo; e que nem de longe podemos pensar em jogar o Fla-Flu sem o Gustavo Scarpa, que se transformou em um Conca pra nós em muito menos tempo que o próprio Conca se transformou em Conca. E que me seja perdoado esse irrefletido paradoxo. E que o Conca volte a ser o Conca, mesmo reforçando o Flamengo. Ele merece.

De resto, dito isto tudo, e apesar do sufoco de ontem, o ano começou bem para o Fluminense, porque o Abel tem alma tricolor, e porque temos hoje um dos melhores programas de base do futebol brasileiro. 

Por último, a pergunta que não quer calar: onde será jogado o Fla-Flu? Em Los Larios (valha-nos, Deus)?; em Volta Redonda?; no Engenhão?; no Maracanã?; em Brasília?; na Casa da Mãe Joana?

Descansem em paz Mário Filho e Nelson Rodrigues, irmãos de sangue, irmãos na literatura, irmãos no jornalismo, irmãos no futebol, no amor pelo Fluminense. Que bom vocês não terem vivido para testemunhar a tragédia por que passam hoje o país e o Rio de Janeiro.




terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Flu Saudades: campeão carioca 1951

Time base:

Castilho, Píndaro e Pinheiro; Vítor, Edson e Lafaiete; Telê, Didi, Carlyle, Orlando Pingo de Ouro e Joel.

Ícones daquele time: Castilho, Píndaro, Pinheiro, Telê, Didi e Orlando Pingo de Ouro.


sábado, 18 de fevereiro de 2017

Xerém, o hoje e o amanhã

Marcos Felipe, Renato, Frazan, Reginaldo e Marquinhos Calazans; Pierre, Wendel e Marquinho; Marcos Jr., Richarlison e Lucas Fernandes.

Não jogaram: Nogueira, Léo, Douglas, Wellington e Gustavo Scarpa.

Pelo menos por ora, este será um tema recorrente neste blog: por necessidade, o Fluminense, com o sábio comando técnico e tático de Abel Braga, com Alexandre Torres, filho do grande Carlos Alberto, na gerência do futebol tricolor, jogou todas as fichas na juventude da base de Xerém, base da qual vieram, em tempos idos, antes de Xerém, Abel, Alexandre e o imortal capitão do  tri.

Cinco jogos no estadual, cinco vitórias, 14 gols a favor, média de 2,8 por jogo, nenhum gol sofrido.

Os 4 a 0 no Volta Redonda, que semana passada encaçapara o Vasco e até hoje tinha chances de disputar a semifinal da Taça Guanabara, foi a terceira seguida, incluídos aí os 5 a 2 sobre o Globo FC potiguar quarta passada, em que o Flu matou o jogo, fazendo 3 a 0 antes dos 30 minutos do primeiro tempo. Só que hoje nenhum titular jogou; a responsabilidade ficou fundamentalmente com os garotos de Xerém, dos quais Marcos Felipe, Frazan, Marquinhos Calazans e Wendel jamais tinham começado uma partida na equipe principal.

Destaques: Richarlison, com dois gols, Wendel e Marquinhos Calazans, sendo que este, meia de origem, está sendo improvisado na lateral esquerda, e jogou muito hoje.

O que fica disso tudo?

Fica o que disse Abel em mais uma das suas sinceras entrevistas, na sexta-feira: na próxima janela européia, no meio do ano, vai ser difícil segurar o Scarpa, ou o Douglas, ou o Richarlison, ou, quem sabe, todos os três. Como ano passado deixamos ir o Marlon, para o Barcelona, o Kenedy, para o Chelsea, e o Gerson, para o Roma, sendo que nenhum dos três está hoje na equipe principal, todos exilados para os times B; o Kenedy já até andou jogando por uma equipe menor do campeonato inglês.

Ou seja, os tricolores que curtam, este blogueiro entres eles, um início de temporada tão auspicioso, mas sabendo que, logo adiante, mesmo que o time continue jogando bem, a festa tende a acabar, porque os talentos que ficaram não serão suficientes para compensar a falta dos que se foram.

PS: em sua entrevista, Abel, que conhece o Internacional como poucos, clube onde conquistou suas maiores glórias como treinador, lembrou Nilmar, Pato - que ele lançou, menino na equipe principal -, Walter, Fred, Tyson, entre outros, para evidenciar o quanto os clubes brasileiros tem que se sacrificar para equilibrar os seus sempre desequilibrados orçamentos. Em outras palavras, você pode revelar grandes talentos hoje, mas nada diz que, sem eles, você não estará na série B, ou C, amanhã.


sábado, 11 de fevereiro de 2017

Altair

http://globoesporte.globo.com/futebol/noticia/2017/02/por-causa-de-alzheimer-campeao-do-mundo-em-1962-nao-recebe-pensao.html

Nos anos 1950, o Torneio Rio-São Paulo equivalia ao campeonato brasileiro, que só começaria a nascer com a Taça Brasil, em 1959.

Em 1957, vésperas da primeira grande conquista do nosso futebol, o Fluminense foi campeão invicto do Rio-Paulo, jogando contra grandes times, como o Santos de Manga, Urubatão, Jair da Rosa Pinto, Pepe, Pagão, Zito, Dorval, e de um fenômenos de 16 anos, Pelé; o Botafogo de Didi, que recém deixara as Laranjeiras, Garrincha, Nilton Santos,  Paulo Valentim, Quarentinha; o Vasco de Paulinho, Bellini, Orlando, Vavá, Sabará, Pinga; o Flamengo de Joel, Moacir, Dida, Babá, Indio, Zagallo; o Palmeiras, de Valdermar e Mazola, e assim por diante.

Time base do Fluminense, naquele ano de uma de suas maiores conquistas: Victor Gonzales, Cacá e Roberto; Ivan, Clóvis e Altair; Telê, Robson, Waldo, Jair Francisco e Escurinho.

Waldo era o monstro daquele time, até hoje maior artilheiro da história do clube, com inalcançáveis 319 gols; como foi, jogando pelo Valência, da Espanha, para onde se transferiu em 1962 - e onde mora até hoje -, o maior artilheiro da Liga Espanhola até 2006, com 115 gols, quando Ronaldo Fenômeno o ultrapassou.

Mas, daquele time, como jogador de seleção brasileira, o mais bem sucedido seria Altair, bicampeão do mundo em 1958 e 1962, reserva que teria mesmo que ser do incomparável Nilton Santos.

Em 2013, Altair esteve em Brasília, convidado pela CBF, para acompanhar a Copa das Confederações; já sofria do Mal de Alzheimer e, numa comovente história, perdeu-se do ônibus da sua comitiva no início de uma tarde de junho, e passou a vagar pela cidade, à procura da delegação do seu eterno Fluminense, e só foi encontrado por quatro jornalistas, que estavam em um táxi, perto da meia noite, na Avenida das Nações.

- Sou bicampeão do mundo, ele dizia, como se fosse a única certeza que tivesse naquele momento.








quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Pobre futebol brasileiro

Poucas coisas são mais desanimadoras para um/a amante do futebol do que os estádios em que acontece a maioria dos jogos dos campeonatos estaduais.

Claro que em um país com a extensão geográfica e as desigualdades socio-econômicas como o nosso, não podemos esperar estádios, ?arenas? (sic), belas e lotadas o tempo todo, como o Camp Nou, ou o renovado Wembley. O futebol brasileiro é tão esculhambado fora dos campos, e, em geral, dentro dele também, que um dos seus maiores, e até belos, estádios, a caminho da deterioração, é o Mané Garrincha, de Brasília, cidade onde mal se tem um campeonato local, tamanha a fragilidade econômica e técnica dos seus times (ressalvados os soluços que foram o CEUB, nos anos 1970, e, mais recentemente, o Gama e o Brasília, este ainda controlado pelo ex-senador, hoje presidiário, Luiz Estevão).

É um futebol tão esculhambado, que nosso maior orgulho futebolístico, o Maracanã, arenizado para a Copa do Mundo, mas mesmo assim um belo estádio, hoje, protagoniza sua segunda tragédia, em vias de se tornar uma enorme tapera.

Alias, a propósito da primeira tragédia, dá vontade de ir a Montevidéu só pra ver e revisitar o histórico Estádio Centenário, passear pelo museu, pisar no gramado, e sofrer, mesmo que pouco, com a experiência de sentir aquele ambiente preservado da ganância que consumiu o nosso Maracanã, cuja salvação não se consegue enxergar no horizonte.

Mas, voltemos aos estaduais e seus estádios, para refletir um pouco sobre a loucura jamais tão grande em que virou neste ano o calendário do futebol brasileiro.

Estaduais, Copa do Brasil, Primeira Liga, Sul-Americana, e o Brasileirão, séries A e B, C e D.

Ontem à noite, em Porto Alegre, pouco ante de começar o jogo com o Internacional, Abel Braga vituperou impropérios a propósito da loucura do calendário atual do futebol brasileiro, colocando-se, inclusive, e acho que conscientemente, de forma crítica à diretoria do Fluminense, fundadora ano passado da dita Primeira Liga, hoje uma ideia sem qualquer sentido esportivo, e muito menos política. Logo ela que nasceu para impor racionalidade ao futebol brasileiro, em oposição à  CBF. Jogando ontem com um time sem oito dos titulares que iniciaram muito bem o ano, Abel falou do que espera o Fluminense, e outros clubes grandes brasileiros, nas próximas semanas: estadual, Primeira Liga, Copa do Brasil, Sul-Americana.

Nada ilustra melhor essa esculhambação do que a situação da Chapecoense, que jogou ontem e joga hoje. Wagner Mancini estourou muito mais alto do que o Abel diante do absurdo. Ontem, em Florianópolis, com o time principal, derrota para o Avaí por 3 a 0. Hoje à noite, com o time sub-23, a Chape enfrente o Cruzeiro, em Belo Horizonte, pela Primeira Liga.

O que mais dizer?

Lições de uma derrota anunciada

Já que o assunto é Primeira Liga, o Fluminense perdeu por 1 a 0 para o Internacional do sempre inspirado D'Alessandro.

Sem Cavalieri (ainda contundido), Lucas, Renato Chaves, Sornoza, Douglas, Gustavo Scarpa, Wellington e Henrique Dourado (todos poupados), a derrota era esperada, mesmo contra um time remontado para disputar a série B, que começou mal o Gauchão e que, por isso mesmo, com o time titular faria tudo pra vencer o Flu.

Como as circunstâncias eram essas, Abel Braga resolveu aproveitá-la para testar algumas alternativas.

Duas dessas demonstraram, de novo, sua conhecida incompetência: o lateral direito Renato, que o Fluminense mandara para o Avaí ano passado, mas que voltou parecendo pior do que era; e o Osvaldo, uma das piores contratações que já vi o Fluminense fazer em sua história. Agora, vejamos: do Renato, talvez seja fácil se desfazer na janela do Brasileirão: não tem salário alto; é quase certo que algum clube médio se interessará por ele. Já o Osvaldo não quer sair de jeito nenhum, e não é por menos. Tem salário de três dígitos, e sabe que ninguém lhe pagará a mesma grana. Em suma: ou o Fluminense paga pra ele sair, ou vai ficar no come-e-dorme.

O que mais dizer?

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Post Scriptum 2

O garoto Léo chorou domingo, e agora choro eu, depois de ler a entrevista abaixo, em que ele, sem lamentar, mas eu compreendo, não esconde a triste realidade econômica do futebol brasileiro, e não só do Fluminense:

Em participação no programa "Camarote", do canal Premiere, o presidente Pedro Abad não fez rodeios ao ser perguntado por negociações na próxima janela. O mandatário admitiu que o Fluminense vai precisar vender algum jogador para manter o equilíbrio financeiro do clube.
- Certamente vai ter algum jogador que precisaremos vender. Gosto de ser muito sincero com o torcedor. Vivemos uma época onde as informações são tão desencontradas que a gente tem de ser muito direto com o torcedor, não adianta querer enganá-lo. Hoje o futebol se faz com dinheiro. Se não tem dinheiro, não faz futebol - declarou o mandatário.
Para Abad, o ciclo é natural no futebol brasileiro, que exporta sua "matéria-prima" para a Europa. Ainda de acordo com o cartola, a venda se faz necessária para organizar minimamente os cofres do clube.
- Os clubes, para manter suas contas minimamente organizadas, formam seus jogadores, vendem e repõem. É um ciclo que não para: você capta, forma, tem retorno técnico, financeiro e repõe. O futebol brasileiro, por si só, é um centro formador e não consumidor como a Europa. É natural que os times vendam - explicou. 
A grande dificuldade, para o presidente do Fluminense, é saber a hora de vender o jogador. Segundo Pedro Abad, "vender bem" nem sempre é lucrar mais rápido.
- O segredo é vender bem. O jogador às vezes não dá retorno técnico ao time. Ainda na base vai para o futebol europeu. Temos sempre que avaliar o momento de o jogador seguir o caminho dele. Em que momento ele foi bom o suficiente para ser vendido.


Post Scriptum 1

Esqueci de dizer que Los Larios fica em Xerém, onde fica também nossa fábrica de talentos. Como o Léo, o garoto de 20 anos, lateral esquerdo, que, domingo, ao marcar seu primeiro gol como profissional - após linda deixada do Wellington, outra revelação de Xerém -, chorou copiosamente. Mais um brasileiro que, e viva esse lugar comum tão presente em nosso futebol, até poucos anos atrás dividia com sete irmãos e irmãs o pouco pão que os pais conseguiam trazer pra casa.

Nelson Rodrigues

Domingo último, em um melancólico estádio, de nome simpático, Los Larios, casa do Tigres fluminense, o Fluminense, em um campo encharcado, derrotou por 3 a 0 a velha Portuguesa carioca. Saudades dela, do Olaria, do São Cristóvão, do Canto do Rio, e mais Madureira, Bonsucesso, o Bangu eterno, e do querido América do meu pai. Uns já se foram, outro ainda por aí, o Bangu hoje nas manchetes porque comandado no campo pelo excepcional Loco Abreu. Tanta saudade, e o fato de a Portuguesa ter um Nelson Rodrigues como técnico, me deu vontade de começar esta semana homenageando o nosso Nelson Rodrigues, republicando uma das suas maiores criações esportivas, a Grã-Fina das Narinas de Cadáver.

Aí  vai:

"Amigos, pensam vocês que o futebol tem a simplicidade dos outros esportes. Não, não tem. Não é apenas técnico e tático como os outros. O futebol é mágico. Quantas vitórias, quantas derrotas, desafiam todo o nosso raciocínio e toda a nossa experiência?
Vocês se lembram de 50 e quem não se lembra de 50? O Brasil não podia perder. Técnica e psicologicamente estava em condições muito superiores às do adversário. Só a presença da nossa torcida (duzentos e cinquenta mil brasileiros) bastava, ou devia bastar para esmagar o Uruguai. Mas perdemos o jogo. Não podíamos perder e perdemos. Aconteceu o seguinte: - vitoriosa, a 'Celeste" ainda fez a volta olímpica. Tivemos que aplaudir a nossa própria humilhação. Pois este episódio negro na nossa história esportiva foi um milagre contra nós, um milagre pró-Uruguai.
Aí está dito tudo: - há milagres no futebol. E a reação da torcida é a mais imprevisível. Amanhã, há um Fla-Flu, mais um Fla-Flu. É um clássico que magnetiza toda a cidade. Ontem, encontrei-me com a grã-fina das narinas de cadáver. Ela veio para mim, feliz no encontro. Disse: - 'Vou ao Fla-Flu'. Imaginem vocês que, outro dia, ela me entra no Mário Filho e pergunta: "- Quem é a bola?" Não sabia quem era a bola, mas era tocada pela magia do Fla-Flu. Sabe quem é o Fla-Flu e não sabe quem é a bola.
Venho acompanhando o destino do clássico, desde a minha infância profunda. Naquele tempo, era Flamengo x Fluminense. Foi Mário Filho que alguns anos depois criou o diminutivo fascinante: - Fla-Flu. Eu queria dizer que o Fla-Flu apaixona até os neutros. Ou por outra: - diante do formidável clássico não há neutros, não há indiferentes. Há sujeitos que não gostam do Fluminense, não gostam do Flamengo, mas estão lá. Encontrei um desses, no último Fla-Flu. No intervalo, fui tomar um café. No caminho, vi o meu conhecido num canto, estrebuchante. E mais: - babava na gravata. Aquilo me escandalizou: - 'Ô rapaz! Você não é Flamengo não é Fluminense. Estás torcendo por quem?' Arquejou: - 'Torço contra os dois'. Mas, torcia o desgraçado ...
Não interessa que seja ou não um grande jogo. Só as partidas medíocres precisam ter qualidade. O Fla-Flu vale emocionalmente. Ou por outra: - é Fla-Flu e basta."