domingo, 15 de janeiro de 2017

Mais uma vez, de volta!

A ideia vinha sendo acalentada faz algum tempo: voltar ao Blog, mas, sem perder a paixão primeira pelo Fluzão, ir além das Laranjeiras - e agora também da Barra da Tijuca - onde se ergue o nosso novo Centro de Treinamento (ainda incompleto, é verdade) -, para falar também de outras coisas do futebol brasileiro.

Meu netinho, de 8 anos, Júlio, torce para o Palmeiras. É claro que o título do ano passado foi decisivo para isso - além do estímulo dado pelo tio Alberto -, mas, no fundo, o time do coração do Júlio parece ser o Real Madrid. Ele sonha em ser Cristiano Ronaldo, usa chuteira do CR7, e não parece achar que o Messi seja grande coisa. Quanto ao Neymar, creio que jamais deu uma opinião sobre o nosso grande craque de hoje.

(A propósito, quando Júlio voltar das férias, vou começar a falar com ele sobre o Marcelo; quem sabe desperto nele algum carinho pelo Fluminense😉. Sem muita chance, porém.)

Na minha infância, o Real Madrid teve os geniais Di Stefano, argentino; Puskas, húngaro; por lá andou também o brasileiro Canário, ex-ponta direita do América carioca, time do coração do meu pai. Valdo, maior artilheiro da história do Fluzão, até hoje mora em Valência, onde brilhou tanto quanto aqui. Evarista de Macedo, cracaço de bola, ídolo do Flamengo, foi tão ídolo quanto no Barcelona. Na minha juventude, José Altafini, o nosso Mazola da inesquecível selecão de 1958, deixou o Palmeiras para brilhar no Milan; na Itália, na Fiorentina, brilhou ainda Julinho, o Júlio Botelho, revelado pela Portuguesa paulista, e que só não foi maior no Brasil porque contemporâneo do Garrincha. Já adulto, vi Paulo Roberto Falcão ser coroado Rei de Roma. Zico, Aldair, Júnior brilharam na Itália; Mauro Silva e Mazinho brilharam na Espanha. E mais recentemente Romário, os Ronaldos, Rivaldo e Kaká honraram nosso futebol na Holanda, Espanha e Itália.

E aí, na medida em que a economia política do futebol foi cumprindo seu destino concentrador, oligopolizante, empurrada em parte pelo dinheiro dos novos oligarcas capitalistas russos, da nova configuração econômica européia, com o livre trânsito de capitais, financeiros principalmente, e de mão de obra, inclusive a futebolística, e não apenas a dos baixos salários, um fosso cada vez maior começou a se abrir entre o primeiro e o segundo mundos do futebol. Brasil, Argentina, Uruguais, Chile, Colômbia, Equador, estes principalmente, mas também países africanos e asiáticos, Japão incluído, foram se transformando em exportadores de mão de obras qualificada, e cada vez mais jovem, incapazes de retê-la em seus clubes que, além de economicamente mais frágeis, em geral muito mal administrados.

O Fluminense, razão última deste Blog, revelou - e não vou falar do Marcelo, que já está na Espanha faz dez anos; saiu daqui com 18 -, nos últimos cinco anos três promessas: Kenedy, atacante de beirada, canhoto, forte, habilidoso; Gerson, meiocampista, canhoto também, altamente técnico; e Marlon, um zagueiro, destro, também altamente técnico. Kenedy, depois de ter jogado até de lateral esquerdo no Chelsea, não sei para onde o clube inglês o mandou: Gerson está penando críticas no Roma, só não tantas quanto o Gabigol na Inter de Milão, porque custou muito mais barato. E o Marlon, já incorporado ao elenco principal do Barcelona, depois de breve passagem pelo Barça B, parece ser o que conseguirá o sucesso que todos prometiam ter aqui.

Posso falar ainda do menino Wellington, que o Fluminense deixou ir para o Arsenal com 17, 18 anos, não sei; que chegou lá sem a documentação necessária; que peregrinou durante quatro anos nas segundas divisões espanhola e inglesa, e que voltou ano passado de graça para o Fluminense, e que, quem sabe, pode ainda voltar a ser o bom jogador que foi em seus tempos das divisões de base de Xerém.

E por hoje é só.
Muito bom estar de volta.





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