sábado, 12 de setembro de 2015

Sobre um gênio: Roger Federer. E sobre um pândego: Ronaldinho Gaúcho.

Eu, como acho que quase todo mundo que gosta de esporte, tenho uma admiração profunda pelo Roger Federer, que com Pelé e Michael Jordan, constitui meu Panteão particular de super-heróis esportivos.

De uns tempos para cá, desde o ano passado a bem da verdade, comecei a não querer ver jogos dele. Não me importava se ele era número 2, ou não sei o que, do ranking da ATP. Detestava vê-lo perder jogos para tenistas menores. Mais que tudo, detestava vê-lo acuado no fundo da quadra trocando bolas com essa nova geração de tenista de 1,90 no mínimo, disparando foguete pra todo lado. Ressalvo o Djoko e o Nadal, caras fortes, mas refinados. Mas, o tal Isner, ou o Cilic; é só pancadaria. Tudo bem que o Murray, o Wawrinka, mesmo o Tsongas, ou o Nishikori, sejam até caras 'normais'. A síntese é que, pra mim, era preferível ter o Federer no Panteão do que nas quadras contra quem quer que fosse.

E eis que, já quase ao final deste ano, em Cincinatti, um mês atrás, me aparece um Federer de novo imbatível, tão elegante como antes, deslizando feito um príncipe pela quadra, escrevendo versos impecáveis no ar com sua raquete que não agride, mas acaricia a bola. Que Federer era aquele que encurralou o Djokovic no jogo final, para embolsar mais um Master Series?

E que Federer era aquele que começara a pegar todo mundo de surpresa ao avançar, o felino de sempre, sobre os saques dos adversários, esperando as pancadas no meio da sua quadra, e devolvendo-as de bate-pronto, enquanto ainda em movimento? Os comentaristas piraram. O Dácio Campos quase foi à loucura. E começaram as tentativas de definir aquela nova invenção do maior tenista de todos os tempos: sneak-attack, coisas do gênero.

E eis que um atleta de 34 para 35 anos, que já poderia ter parado de jogar, depois de todas as glórias acumuladas, do reconhecimento de ser de fato o maior até então, de ter dinheiro acumulado até lá sabe-se que gerações, não só insiste em jogar, colocando em risco tão imenso patrimônio, mas se reinventa ao ponto de a gente ouvir coisas do gênero: tecnicamente, ele está jogando melhor do que em seu auge; sua forma física atual é esplendorosa, e assim vai.

Do alto da minha ignorância amadora e amante do tênis, sou também capaz de reconhecer isto tudo, de perceber que ele, pra não ficar acuado lá atrás tentando vencer os jovens na pancadaria, diminuiu a quadra pros adversários, passou a volear como jamais fizera, resgatou a beleza do velho tênis de saque e voleio, e, como se não bastasse, inventou um jeito de atacar que não só lhe vale alguns pontos cruciais, como desestabiliza o adversário, principalmente na hora de um segundo saque.

O cara é um gênio, um gentleman, um poeta, um monstro.

E quis dizer isto antes da final de amanhã, do US Open, de novo contra o brilhante Djokovic. Já não me importa mais se o Federer ganha ou perde.

Enquanto isso, nós tricolores temos que pagar o vexame de ver um Ronaldinho Gaúcho, com quase a mesma idade do Federer, conformar-se em ser um gigolô de suas glórias passadas, conformar-se em ser um pândego do futebol, um clown em campo, quando consegue entrar em campo, mas um clown que não faz rir, mas chorar, um clown que não recebe aplausos, mas vaias, um clown que pândegos dirigentes do Fluminense acharam de abrigar no nossa santuário das Laranjeiras.

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