segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Sobrenaturalmente classificados

?Queria ter escrito este post ontem, mas não é que mal acabou o jogo em São Januário, recebi entusiasmadíssimo telefonema de uma amiga recente, a Socialite dos Pés-Descalços, que vem a ser ninguém menos que filha da Grã-Fina do Nariz de Cadáver, imortalizada nas crônicas do ainda mais imortal Nelson?

Outro dia falo mais sobre a Socialite, quem é, como a conheci; hoje o que importa é compartilhar com vocês o entusiasmo dela após nossa milagrosa classificação para a semifinal da Taça Guanabara.

Ela, como feminista histórica, é a maior fã do Renê Simões que existe sobre a face da terra. Tudo por conta do belíssimo trabalho que o hoje nosso treinador fez com a seleção nacional feminina de futebol. A propósito, soube por um amigo comum, que foi quem me apresentou à Socialite pouco tempo atrás, que ela chegou a rasgar a carteira de sócia na cara do Horcades, depois das desastradas declarações machistas do nosso infeliz presidente sobre os neurônios dos mulheres. Só a muito custo impediram a revoltada Socialite de desembarcar das Laranjeiras e rumar para a Gávea.

- O Renê é o máximo, dizia-me insistentemente ao telefone, ontem, após o jogo.
- Simplesmente o máximo, repetia.

Confesso que gosto do jeitão do Renê; ele é articulado, sem os maneirismos linguísticos do Tite, sem a falsa modéstia do Vanderley, com a mesma calma do Mano, e sem o olhar sempre triste do Cuca.

E, concordando com a Socialite, embora não com e exagero desmedido dela, achei o máximo a resposta que o Renê deu depois do jogo a um repórter não identificado, mas com pinta da tricolor.

- Então, Renê, você parece que está se especializando em tirar o Fluminense do buraco! ?Foi assim na reta final do Brasileirão, e agora, nessa Taça Guanabara, classifica o time quando ele tinha só 6% de chance?

Fosse o Murici o entrevistado, teria mandado o repórter à *, e soltado uma resposta ranheta, desaforada.

Já o Renê, não!

Sem alterar a voz, sem humilhar o repórter, respondeu:

- No Brasileiro, sim. Mas, agora, não! Agora eu peguei o time desde o início; logo, fui eu quem o deixou na situação de talvez não se classificar. E eu não sou masoquista; não ia empurrar o time pra baixo só pra depois ter tirá-lo de lá depois. Infelizmente, aconteceu. E não vou fugir da minha responsabilidade. Depois daquele jogo com o Duque de Caxias eu fui a nocaute. Foi muito difícil me recuperar.

E assim, com uma serena resposta, Renê Simões fez sua justa autocrítica. A saída do Conca, ?lembram-se?, contra o Duque de Caxias, foi decisiva para a virada do adversário. E por que ele deixou o Fabinho e o Diguinho em campo contra um Vasco com 10?

Mesmo assim, sem o exagerado entusiasmo da minha amiga Socialite pelo Renê, compartilho com ela a certeza de que temos um bom treinador.

Vamos deixá-lo trabalhar.
Que o Vasco vença no Tapetão, e que venha o Flamengo.

Eles vêm de Obina, nós vamos de Everton Santos (que coisa, hein?; ontem as forças todas do além juntaram-se a nós. Apesar da santa incredulidade do Sobrenatural de Almeida, mas com a crença profana do Sobrenatural de Almada.