Me preparava pra dormir, ontem, depois de assistir mais um episódio da formidável série Mad Men, via AppleTV, e eis que toca o telefone. Ligação aquela hora só podia ser dela, da minha velha amiga, a Socialite dos Pés Descalços, filha, como sempre gosto de lembrar, da imortal personagem de Nelson Rodrigues, a Grã-Fina do Nariz de Cadáver.
Socialite estava eufórica.
- Você tinha que ter estado lá, M.C.; tinha que ter estado.
Referia-se ela à inauguração, nas Laranjeiras, do Museu do Fluminense, misto de sala de troféus e exposição multimídia. Socialite estava feliz e orgulhosa com o que vira; feliz e orgulhosa com a história heróica do nosso clube, de muitas conquistas esportivas, de times e atletas sensacionais, principalmente no futebol, nossa paixão em comum.
Inspirada pelo que tinha vista, Socialite me provocou a lembrar craques do meu tempo, que já vai longe, embora não tão longe quanto a lembrança do primeiro grande goleiro que tivemos: o aristocratico, e elástico, Marcos de Mendonça.
Puxei pela memória, e comecei pelo óbvio: Carlos José Castilho. Mas, lembrei do Castilho também pra enaltecer a memória de Veludo, nosso grande goleiro negro que, reserva de Castilho no Flu, de tão bom que era foi reserva dele também na seleção brasileira na Copa de 1954. E outros nomes começaram a pipocar no diálogo telefônico com a velha amiga: Píndaro, Pinheiro, Jair Santana, Clóvis, Altair, Jair Marinho, Edmilson e Denilson - dois centromédios sensacionais, que hoje chamaríamos de volantes, mas volantes clássicos, tão bons no passe quanto no desarme -, Robson, Jair Francisco, o grande Valdo - maior artilheiro da nossa história -, o incrível Escurinho que, se fazia poucos gols, era o mestre do que hoje chamam de 'assistência'. E, acima de todos, mas no mesmo plano de Castilho, seu principal parceiro em talento e amor ao Fluzão, Telê Santana.
E a memória clubística poderia continuar com o Didi, que foi nosso antes de ser do Botafogo; o Gerson, que foi do Botafogo, antes de ser nosso; o Rivelino, que precisou deixar o Corinthians para provar, nas Laranjeiras, que era um dos grandes craques brasileiros de todos os tempos; o Félix, continuador da tradição de Castilho, como o foi também o Paulo Vítor; Delei, Pintinho, Romerito, o Abelão, Washington, Assis, Lula, Tato, Gilson Nunes, Flávio, Mickey, o inesquecível Cafuringa, e por aí afora.
Feliz com tantas boas memórias, despedi-me da Socialite, não sem antes nos desejarmos felicidade no Fla-Flu de domingo. O Fla está desmontado, em crise profunda. Nós estamos em estado de graça desde o time de guerreiros que nos livrou do rebaixamento em 2009, desde o Brasileirão de 2010, do segundo turno do Brasileirão de 2011, e do Campeonato Carioca e da Libertadores de 2012.
Mas, todo cuidado com o urubu nunca é pouco.
- Boa noite, meu amigo, despediu-se a Socialite.
- Boa noite, respondi, pensando: ainda bem que nem eu, nem ela e nem o Abel dormimos de touca.
Domingo, no badalado Fla-Flu dos 100 anos do clássico maior do futebol brasileiro, mais do que nunca vamos precisar ser um time de guerreiros.
quarta-feira, 4 de julho de 2012
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