Quando acabou a fase classificatória da Libertadores, Abel Braga soltou a frase ao mesmo tempo bem humorada e preocupada, a propósito de ter o Internacional de Porto Alegre como primeiro adversário do mata-mata:
- Eu merecia uma pera mais doce.
Um pedaço da pera já foi comido; o empate sem gols em Porto Alegre. A pera inteira vamos comer esta noite, com certeza, apesar de o Inter ser um time-pelanca, um jeito gaúcho, achurrasqueado, de falar time cascudo, ou osso duro de roer.
Sou lá de perto do Rio Grande do Sul; de Lages, em Santa Catarina, onde torci, e muito, pelo Internacional local, que chegou a ser, nos 1960, campeão catarinense, mas cujo estádio, hoje, virou uma tapera, imagem perfeita de um clube que, depois de ser rebaixado para a terceira ou quarta divisão do futebol de Santa Catarina, desapareceu do mapa.
Porque sou lá de perto, porque morei em Porto Alegre, porque vi muitos jogos do Inter no antigo Estádio dos Eucaliptos, e do Grêmio, no Olímpico, aprendi a respeitar o futebol gaúcho de muita marcação e pegada.
Mas, não haverá marcação do Indio, nem pegada do Guiñazu e do Tinga, nem a técnica do Oscar, nem a presença de área do Damião, que nos tire da Libertadores esta noite.
E aí volto à pera meio amarga do Abel.
Vencido o Inter, pegamos de novo o Boca.
Mas, nem a mística argentina, nem o talento do Riquelme nos impedirão de ir a uma nova final de Libertadores.
Será contra o Santos? Parece que sim. O Santos de Neimar, Ganso e Arouca, e do mais aético dos treinadores do futebol, aquele que desonrou a memória de Telê Santana ao fugir das Laranjeiras tentando jogar o nome do Fluminense na lama.
Confesso que a minha pera mais doce eu comerei no dia em que o Fluzão do Abel Braga ganhar a Libertadores do Santos de Muricy Ramalho.
quinta-feira, 10 de maio de 2012
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