domingo, 19 de julho de 2009

Lamentos necessários

"Caro Murilo,

tenho 31 anos e já perdi as contas de quantos jogos do fluminense eu assisti no maracanã. Mas derrotas por 4 gols eu só vi três vezes na minha vida de dentro do estádio e duas delas foram este ano: contra o santos e contra o goiás. As coisas não vão nada bem.

O único ponto positivo de ontem: parece que a torcida finalmente entendeu que mais do que a falta de um lateral ou de um bom técnico, o problema do fluminense é de gestão. A torcida gritou fora Horcades a plenos pulmões, como nunca acontecera antes. Uma faixa pedindo sua renúncia foi estendida. E tenho informações de que estão sendo planejados protestos nas Laranjeiras contra a diretoria nos dia 21 de julho (aniversário do Flu) e/ou 25 de julho (dia da festa de gala para comemorar o aniversário).

Fala-se muito em time-empresa, em profissionalizar a gestão. Mas eu não sei se confiaria em entregar a gestão de futebol do meu time para alguém que torce por outro. Tote Menezes e Alexandre Faria não são tricolores. Bom, é verdade que já nos acostumamos com o fato de os jogadores tampouco jogarem em seus times do coração. Mas a coisa tá andando de um jeito que daqui a pouco nem mais os torcedores serão tricolores. Vão alugar a torcida, tal como fazem os políticos com suas claques em eventos. E aí, meus caros, será o fim do futebol! (Isso se ele já não tiver acabado e nem nos demos conta ainda!)

Abs,
Fernando Paiva"


Caro Fernando.

Tenho 62 anos, portanto o dobro da sua idade, e me entristece ver que, só quando eu tinha a sua e um pouco mais, o Flu ainda era o Fluzão. Dos anos 1990, desde a conquista do Brasileirão em 84, na verdade, tem sido quase só tudo tristeza. Mas, reconforta ver jovens tricolores, como você, como o Rogério - que tem postado pertinentes comentários na página (vocês tem visto?), sofrendo como nós, os mais velhos, e sempre dispostos a brigar pelo nosso Clube, assim, com C maiúsculo. O Clube é o que conta, e jogador, mesmo no passado, nem sempre jogava para o time do seu clube de coração. Mas, a mercantilização do futebol, no estágio em que está, com seus dirigentes 'profissionais', suas trafics e patrocinadores, é mesmo uma grande desgraça, pois ameaça destruir os clubes e sufocar as suas tradições. Felizmente, nós temos um Nélson Rodrigues para não nos deixar esquecer quem fomos e (ainda?) somos. E só nós temos um Nélson, pois nem o João Saldanha deixou, para o Botafogo, o legado clubístico-jornalístico que Nélson Rodrigues nos deixou.
Fora Horcades?
Sim, fora Horcades!
Melhor fora Horcades do que fora Eutrópio! Nisso a torcida acertou, não obstante a inexperiência tática e os erros de escalação do nosso interino.
Que pelo menos nos seja leve o resto do final de semana, no conforto de nossas familias e amig@s.
Um abraço.
Murilo

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