terça-feira, 14 de julho de 2009

Ainda a Unimed

Fernando Paiva, correspondente informal deste blog nas Laranjeiras, escreveu e eu posto:

"Nem me fale, Murilo. Renato Gaúcho não é treinador nem aqui nem nos pampas. Mas tem dois grandes treinadores de verdade desempregados no momento como opção; Muricy e Wanderley. Acho o primeiro um mal humorado intragável e o segundo um grande babaca. Mas não posso deixar de reconhecer que ambos são vencedores. Seus currículos falam por si só.

Quanto à parceria da Unimed, eu acho o seguinte, ponto a ponto:

- A Unimed dá ao Flu um dos maiores patrocínios em dinheiro do futebol brasileiro atualmente. Isso é bom.
- O Celso Barros, vp de mkt da Unimed, é tricolor doente. Isso também é bom.
- O Fluminense não sabe gerir seu dinheiro. O Horcades e sua equipe são péssimos gestores, haja vista o aumento da dívida do clube e a zona que foi aquela venda de ingressos da final da LIbertadores. Aquilo foi coisa de mau caráter! Isso é ruim.
- Diante da incompetência da administração do clube, a Unimed passou a segurar as rédeas dos pagamentos dos atletas. Isso é bom e ruim ao mesmo tempo. Bom porque pelo menos o dinheiro não passa pela mão do Horcades. Ruim porque o clube, a instituição, perde poder, perde controle sobre seu próprio futebol, e cria um precedente perigoso para o futuro. Sinceramente, enquanto esse esquema está na mão de outro tricolor, no caso, o Celso Barros, não é algo que me preocupe tanto.
- O problema é quando além do pagamento dos atletas, o patrocinador começa a interferir diretamente na escolha dos novos contratados e na mudança de técnicos. Essa ingerência já ocorre e é um pouco demais. A diretoria do Fluminense ficar longe do dinheiro é uma coisa. Mas ficar longe das decisões sobre o plantel e o treinador aí já é demais. E nesse ponto confio mais em gente que lida diariamente com futebol do que num gestor de planos de saúde. Do jeito que tá, o Horcades virou uma rainha da Inglaterra. Tá lá só pra sentar no trono e posar pras fotos do lado do Lula, quando o presidente pousa de helicóptero nas Laranjeiras (já viu isso??).

Há boatos de que o Celso Barros vai se candidatar para a presidência do Fluminense nas próximas eleições.

Abs!
Fernando"

Bela análise, Fernando.
Grato.
Pergunto: até quando vai o mandato do Horcades e da turma dele? É verdade que, em uma entrevista, tempos atrás, o Horcades teria afirmado que o modelo de dirigente de futebol dele é o Eurico Miranda? O Celso Barros pode mesmo se candidatar, ou, como li em algum lugar hoje, a Unimed, diante de tanta falta de resultado, vai tirar o time no final deste ano?
Porque, pelo seu relato, a Unimed cuida melhor da saúde clube do que os seus dirigentes. Em outras palavras, e autocriticamente: se eu tivesse rasgado a minha fictícia carteirinha da Unimed teria cometido um baita erro?

P.S. - tem comentários do Rogério Thomaz no blog. Vão lá, visitem o Fluzão Bsb 2009!

Um comentário:

Rogério Tomaz Jr. disse...

Professor, Fernando...
Bela análise, sem dúvida. Mas olho pelo outro lado:
- a Unimed não é entidade filantrópica;
- ela paga para associar o seu nome à marca e instituição Fluminense (e obter um retorno que certamente é mensurado e avaliado) um valor que foi considerado adequado para os padrões do mercado;
- especialmente se considerarmos que a torcida do Fluminense - sem colocar juízo de valor - é formada em boa parte pelo público consumidor "alvo" da Unimed ("classes" A, B e C), poderíamos avaliar melhor se tivéssemos os valores investidos pela empresa (e, por exemplo, o seu lucro líquido, entre outras informações) para dizer se contrato é suficientemente justo para ambas as partes;
- a gestão do Horcades é ridiculamente amadora. Parece que estamos ainda na década de 1980, quando já se falava muito de profissionalização da administração do futebol (e do esporte no Brasil em geral), mas muito pouco ou nada de concreto era realmente feito;
- aceitar a interferência da Unimed (ou do seu diretor, seja tricolor ou não) nos assuntos do futebol, inclusive na contratação de atletas e técnicos é aceitar que não existe autonomia do clube nos assuntos que lhe dizem respeito, algo que seria o primeiro item a se exigir de uma gestão profissional (claro que o mundo real é mais complexo, mas aceitar uma situação pela sua imposição na realidade "de fato" é abrir mão da possibilidade das mudanças reais de que tanto se fala);
- o Fluminense é muito grande, tem expressão e tradição nacional e potencial internaciomal, mas no futebol ninguém vive de tradição ou de potencial. E o que os grupos que mandam no Fluminense hoje (Horcades é apenas um instrumento de um projeto) têm a dizer - e fazer - sobre isso?