segunda-feira, 27 de julho de 2015

Meu Inter de Lages!

A edição brasileira do jornal espanhol El País fez uma bela reportagem com o querido Internacional da minha querida Lages.

O Inter lageano, depois de ter sido dado por morto e enterrado, nos últimos três anos, depois de recriado por torcedores e empresários locais, venceu, em 2013 e 2014, a terceira e segunda divisões do Catarinão, e, neste ano, chegou em um honroso quarto lugar no retorno à primeira divisão, atrás do Figueirense, Joinville e Chapecoense, deixando na sua rabeira outras forças locais como Criciúma e Avaí.

Agora disputando a Série D do Brasileirão, o Inter foi descoberto pelo El País por causa de um dado singular de sua história de 66 anos: neste final de semana que passou, o redivivo esquadrão futebolístico catarinense viajou pela primeira vez de avião, para São Paulo, para enfrentar o Red Bull em Campinas. Jogo que perdeu, mas isto não importa para efeitos deste post.

O que me importa é a lembrança de uma infância em que cresci, em Lages, torcendo primeiro para o Vasco local, porque era o time para o qual meu pai torcia, e cujo ídolo era o fabuloso goleiro Daniel. O grande adversário do Vasco era o Aliados, e eu, que, ouvindo a Rádio Nacional, me fizera no Rio torcedor do Fluminense, via no Aliados um Flamengo sempre a ser batido, mesmo por um Vasquinho interiorano. 

Isto foi lá por meados dos 1950, porque nos 1960 eu já era aguerrido torcedor do colorado lageano (essa história de Leão Baio é modernice que ainda não aceitei). Em 1965 me atirei de Porto Alegre para Lages, e vi, no Vidal Ramos, meu time ganhar do poderoso, rico, Metropol, de Criciúma. 1 a 0. Gol do Serramalte. Até hoje, meus amigos de maior fé em Brasília, quando almoçamos nas quartas-feiras, e pedimos, se a achamos no menu de biritas, Serramalte bem gelada, pensam que o Serramalte goleador da minha juventude é história inventada. Pois é verdade verdadeira. O Jaime, esse era o nome dele, dirigia, quando não estava treinando ou jogando, o caminhão de entrega da deliciosa cerveja pela cidade. Daí o apelido.

Que ataque era aquele: Puskas, Nininho, Serramalte, Almir e Anacleto.

Mas, péra aí, M.C.!!! deve estar pensando a minha velha amiga tricolor, Socialite dos Pés-Descalços, filha da imortal Grã-fina do Nariz Empinado: você não vai falar do Fluzão hoje, e daquele juiz ladrão que afanou a gente ontem em Chapecó? Só por que você é de Santa Catarina e, no fundo, deve ter gostado do roubo?

Menos, Socialite. Menos.

Vou falar, sim, mas antes preciso voltar ao meu pai que, nos nossos tempos de futebol, oficial e de várzea, era o único torcedor do América que existia em Lages (a propósito, meu amigo Nepomuceno disse que ia me trazer de São Paulo um livro autografado do José Trajano). 

Até hoje, me pego pensando se, no fundo, no fundo, em homenagem ao meu pai, Aureliano, mas Negrinho por apelido, não deveria virar a casaca e começar a torcer pro América.

Deve ser tão bom torcer para o América, o time de que todo mundo gosta, porque tem uma camisa bonita, o hino mais bonito já composto pelo Lamartine Babo (há quem jure ser plágio, mas isto já é outra história), não ganha campeonato, mas o torcedor não espera que ganhe mesmo, e quando ganha, como foi agora a volta para a série A do Cariocão, é uma festa só.

Nunca vi meu pai de cabeça inchada porque o América perdia. E nem eufórico quando, por acaso, o América ganhava, como em 1962, quando um, naquele época, raríssimo gol de um lateral, Jorge, nos tirou o Campeonato Carioca.

E agora responde à angústia da Socialite: perder pra Chapecoense me deixou, sim, de cabeça inchada. Mas, reconheço, jogamos direito, fomos melhores, os meninos da base são ótimos, só falta agora o Marlon voltar para a defesa. Sai Gum, sai Antonio Carlos. Tanto faz. Cara ou coroa.

E o Ronaldinho Gaúcho?
Apareceu pra treinar hoje. Pegou 'pesado' na musculação.
Mas, sobre isto, escrevo mais amanhã.





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