Dia desses rememorei uma das (ou foram todas?) memoráveis crônicas do Nélson; aquela em que ele relata a ida ao Maracanã, numa tarde de Fla-Flu, da grã-fina das narinas de cadáver.
Convertida ao fascínio quase mitológico dos Fla-Flus (pelo menos os daquele tempo, das décadas de 50 a 80 do século XX), mas sem nada saber de futebol, a grã-fina adentrou o Maraca e foi logo perguntando: ... mas, quem é a bola?
O que vocês não sabem é que a grã-fina teve uma filha que, talvez por conta daquela extemporânea ida de sua mãe ao Maraca, apaixonou-se desde menininha pelo futebol e, melhor (ou seria pior? à luz dos fatos de hoje), apaixonou-se mais ainda pelo Fluzão.
Filha de grã-fina, a menininha cresceu para ser uma socialite, mas uma socialite diferente, uma socialite militante das melhores causas sociais.
Uma de suas iniciativas mais conhecidas é uma escolinha de futebol na favela do Pereirão, nas Laranjeiras.
A propósito, essa história de socialite dos pés descalços foi invenção de flamenguista invejoso da beleza, cultura e consciência social da nossa ilustre torcedora. Alcunha que ela assumiu sem qualquer constrangimento; afinal, menos do que um constrangimento, para desconsolo dos invejosos flamenguistas, a alcunha foi para ela uma lisonja, vez que inspirada na bela crônica de Nelson Rodrigues sobre sua falecida mãe.
Mas, chega de nariz de cera.
Vamos ao ponto central do post.
Dia desses cruzei com a socialite dos pés descalços aqui em Brasília, para onde ela viera em solidariedade a uma manifestação organizada pelos militantes do MST no ministério da Fazenda.
Ao me ver, nas imediações do Conjunto Nacional, o único shopping que ela se sente à vontade para frequentar aqui, a socialite esqueceu por um instante a causa dos trabalhadores rurais sem terra e me gritou, desconsolada:
- Tá certo que a minha mãe não soubesse quem era a bola. Mas, o que não dá pra gente aguentar são aqueles 11 marmanjos, bem pagos, não saberem o que é uma bola!!!
Muito bem dito, socialite.
Muito bem dito.
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
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